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"Portugal não está completamente imune" a "respostas híbridas" do Irão

João Annes, do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES, analisa a promessa de retaliação de Israel e diz que a resposta "pode ser muito diferente do que aquela que se tem vindo a falar ou especular". O comentador analisa também a reunião entre o Presidente da República e o Conselho Superior de Defesa Nacional.

SIC Notícias

Israel promete retaliar mas não se sabe quando e como, no entanto, há já algumas suspeitas. A Agência Internacional de Energia Atómica da ONU teme que o ataque possa ter como alvo instalações nucleares do Irão. João Annes diz que o ataque foi uma mensagem muito clara de “ameaça direta do Irão sobre Israel”. Com a crescente tensão entre os dois países, o Presidente da República convocou uma reunião com o Conselho Superior de Defesa Nacional.

Nos próximos dias espera-se muita especulação sobre o que vai ou não vai ser a retaliação ou a resposta de Israel ao ataque do Irão.

“Vamos ter muita especulação, essa suspeita que a Agência de Energia Atómica referiu, não é nenhuma novidade. No passado, Israel com os seus aliados, já procurou impedir o Irão de atingir a capacidade de produzir e disputar uma arma nuclear”, relembra João Annes.

Israel sabe que ao realizar um ataque, como aquele que a Agência de Energia Atómica teme que aconteça, pode comprometer todo o apoio Internacional que tem recebido, no entanto, o comentador diz que nos temos de colocar no lugar do país.

"Temos que nos colocar no lugar de um país que ainda há poucos dias viu todo o seu espaço aéreo ser sobrevoado por mais de 300 mísseis e drones (…) que tinham como objetivo por parte do Irão de provar que, se quiser, é capaz de atingir um alvo perfeitamente definido, em qualquer ponto do Estado de Israel”

João Annes explica que esta é uma mensagem muito clara de “ameaça direta do Irão sobre Israel”, que tem como objetivo dissuadir Israel a fazer o mesmo.

Refere ainda que “a forma de resposta” por parte de Israel “pode ser muito diferente” do que tem vindo a especular.

“A forma de resposta pode ser muito diferente do que aquela que se tem vindo a falar ou especular porque Israel no passado já patrocinou e já promoveu diversos tipos de ações encobertas, inclusive a eliminação de cientistas iranianos” e “alegadamente terá participado ou terá promovido também a neutralização de cientistas nucleares iranianos que estavam envolvidos na produção de de uma bomba nuclear."

Acrescenta que mesmo ações como a que a Agência de Energia Atómica referiu, podem não ser diretas sobre o Irão, mas sim “a continuação daquilo que tem sido um esforço não só de Israel, mas um esforço do Ocidente, de procurar impedir o Irão” de produzir bombas nucleares.

Presidente da República convoca o Conselho Superior de Defesa Nacional

Num momento em que a tensão entre estes dois países aumenta, o Presidente da República convocou o Conselho Superior de Defesa Nacional para uma reunião que vai acontecer mais logo. João Annes diz que para esta reunião existe uma expectativa “mais idealista”.

Com 900 anos de história a “memória histórica passa também por percebermos o nosso papel nas Forças Armadas como instrumento da política externa, como instrumento para mostrar a capacidade de Portugal cumprir os seus compromissos no quadro da União Europeia e também no quadro da NATO.”

O comentador do observatório de Segurança e Defesa da SEDES, diz que é necessário, neste Conselho Superior de Defesa Nacional, que os ministros de Estado e os principais chefes das Forças Armadas se unam "em torno de três objetivos muito claros: como é que vamos capacitar as Forças Armadas para os conflitos do futuro”, como é que vamos “valorizar o papel dos nossos militares” e “como é que vamos contribuir para a dissuasão coletiva da Rússia, apoiando a Ucrânia de uma forma mais eficaz”.

“Lembrar que Portugal não está também completamente imune a outro tipo de respostas híbridas que o Irão é perfeitamente capaz de fazer e, portanto, no Conselho Superior de Defesa Nacional era muito importante que se discutisse o papel da ciberdefesa e da cibersegurança em Portugal", finaliza João Annes.

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