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Médicos que aderiram a dedicação plena no hospital de Viseu sentem-se traídos

Esperavam um aumento salarial com o regime de dedicação plena, mas acabam por perder os benefícios salariais associados ao trabalho no interior do país e ao tempo de carreira. O resultado na folha de ordenado é uma desilusão.

Frederico Correia

Frederico Pinto

Há médicos que se sentem traídos pelas últimas negociações salariais. Para ganharem mais, aderiram ao regime de dedicação plena ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas o aumento não está a refletir-se na folha salarial de vários profissionais.

No hospital de Viseu, por exemplo, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz que os profissionais de Saúde acabam por ganhar cerca de menos 300 euros por mês e que há seniores no mesmo nível salarial que médicos recém-formados.

A reposição salarial dos médicos, negociada no final do ano passado, devia refletir um acréscimo no ordenado de 12 a 15%, mas para dezenas de médicos o aumento é quase nulo.

“O modelo de progressão de carreira nunca foi aplicado neste hospital de forma correta e como tal, os médicos nunca tiveram possibilidade de progredir, na sua posição, pelo mérito que têm”, lamenta Vítor Almeida, delegado do SIM. “O resultado é que somos colocados na posição 1, como se estivéssemos no início da progressão de carreira, que significa que o aumento salarial no salário base, no caso da vasta maioria dos médicos - cerca de 60 médicos aqui em Viseu, foi de pouco mais de 20 euros.”

A questão é que estes médicos contratados, alguns deles há duas décadas, aceitaram vir para o interior do país porque havia carências nestas especialidades, agora sentem-se traídos.

“Aqui não havia médicos. Estes hospitais estavam completamente vazios de recursos humanos. Estes médicos deixaram as suas famílias para trás, deixaram o conforto do litoral e das suas idas que tinham para vir construir o hospital de Viseu e muitos outros aqui no interior, com salários ligeiramente superiores na altura, para compensar, e neste momento estão com vencimentos praticamente idênticos a médicos com menos 15 anos de experiência.”

O regime de dedicação plena que o governo definiu é agora a única solução para quem procura um aumento, mas em vez de ser de 400 euros é apenas de 100.

“Acabam por ter uma redução salarial para poder aderir ao modelo de dedicação plena, o que se reflete numa redução de quase 300 euros no salário. A dedicação plena acaba por depois compensar parte dessas perdas, mas é absurdo porque o princípio de redução salarial é inaceitável", condena Vítor Almeida.

Em resposta à SIC, a Unidade Local de Saúde de Viseu Dão Lafões garante que não houve qualquer penalização salarial para os médicos que aderiram ao regime de dedicação plena. Trata-se apenas de uma questão formal das tabelas remuneratórias, mas há um incremento remuneratório no preço/hora no trabalho de todos os médicos aderentes ao novo regime.

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