Os meses de julho e agosto ficaram marcados pelo excesso de calor que se fez sentir um pouco por todo o país e as temperaturas elevadas tiveram consequências além dos incêndios: registou-se um nível de mortalidade 25% superior à linha de base, segundo dados Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) citados pelo jornal Expresso.
Ao longo do verão, houve dois picos de mortes em excesso que coincidiram com dois "períodos quentes" no país. Entre 30 de junho e 13 de julho, registaram-se 923 mortes acima do expectável, e entre 27 de julho e 15 de agosto novamente um aumento da mortalidade.
No total, desde início do verão, somando as mortes a mais nos dois períodos de calor extremo, contabilizam-se cerca de 2.300 mortes em excesso, o triplo de 2025 e 25% acima da linha de base.
No início de agosto, estimativas do INSA apontavam para 264 mortes em excesso em Portugal continental entre 26 e 30 de julho de 2025, sobretudo no grupo etário com 75 ou mais anos de idade e na região Norte do país. Tal representava mais 21,2% face ao previsto.
À data, o instituto alertava para a onda de calor que se avizinhava e lembrava que as elevadas temperaturas do ar estão, geralmente, associadas a períodos de mortalidade mais elevada do que o esperado para a altura do ano (excesso de mortalidade).
O índice ÍCARO para Portugal Continental - calculado pelo INSA e que estima o impacto das temperaturas do ar na mortalidade - já antecipava, a 1 de agosto, um efeito muito significativo da temperatura na mortalidade durante o período de tempo quente, em particular nas regiões Norte, Centro e Alentejo.
Recorde-se que "durante o mês de julho ocorreram dois períodos quentes (01 a 09; 25 a 31) com valores de temperatura do ar mais de 3.0 °C acima do valor médio mensal nos dias 3, 4, 30 e 31", detalha o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) no boletim climático de julho.
Mais, o mesmo documento salienta que no "final de julho teve início nos distritos de Viseu e Vila Real uma onda de calor que se prolongou pelo mês de agosto".