Mais de uma centena de enfermeiros pediu escusa de responsabilidade no Algarve. Alegam que há falta de profissionais e de condições de trabalho nos hospitais da região, incluindo serviços críticos.
A medida é extrema e assumida como um grito de alerta. Os enfermeiros da Unidade Local de Saúde do Algarve começaram, há uma semana e meia, a pedir escusa em três serviços que dizem estar à beira do colapso: urgências, cirurgia poente e ginecologia.
O pedido de escusa acontece numa altura em que o sindicato estima que faltem 1500 enfermeiros no Algarve. A administração da ULS Algarve afirma, ainda assim, estar a fazer o possível para contratar. O problema é não haver profissionais disponíveis.
Enfermeiros desistem da profissão
Além do excesso de trabalho, por serem poucos, os enfermeiros queixam-se de problemas estruturais e de uma carreira que deixou de ser apelativa. O sindicato nota que já não é só a fuga para o privado ou para o estrangeiro: muitos profissionais estão simplesmente a desistir da profissão.
Exemplo disso é o caso de Silvestre Pereira. Foi enfermeiro na pneumologia, nas urgências, na viatura medica de emergência e reanimação do INEM e chefiou o serviço de psiquiatria. Mas a passagem de 35 a 40 horas semanais, por altura da intervenção da troika, fê-lo sentir que não dava para esticar mais. A possibilidade de assumir um negócio de família falou mais forte e, já com 24 anos de carreira, deixou a enfermagem.
Reduzir contratos temporários e oferta de habitação como solução
A administração da ULS do Algarve diz estar a fazer o que pode para melhorar as condições dos profissionais. Declara ter conseguido uma redução de 45% nos contratos a termo incerto ou temporário.
Outra medida que pretende ajudar a fixar profissionais no Algarve é a colocação no mercado de arrendamento a funcionários do setor da Saúde de 20 apartamentos, em Faro, atualmente ocupados com serviços administrativos. Para a conversão desses espaços, é ainda preciso arranjar lojas para onde transferir esses serviços.