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Falta de enfermeiros no Algarve: mais de cem profissionais pedem escusa de responsabilidades

A denúncia é do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que se mostra também preocupado com a quantidade de pessoas que está a desistir da profissão. A administração da ULS Algarve afirma estar a fazer o possível para contratar, mas alega que não há profissionais disponíveis.

Conceição Ribeiro

Ricardo Bruno Soares

Mais de uma centena de enfermeiros pediu escusa de responsabilidade no Algarve. Alegam que há falta de profissionais e de condições de trabalho nos hospitais da região, incluindo serviços críticos.  

A medida é extrema e assumida como um grito de alerta. Os enfermeiros da Unidade Local de Saúde do Algarve começaram, uma semana e meia, a pedir escusa em três serviços que dizem estar à beira do colapso: urgências, cirurgia poente e ginecologia. 

O pedido de escusa acontece numa altura em que o sindicato estima que faltem 1500 enfermeiros no Algarve. A administração da ULS Algarve afirma, ainda assim, estar a fazer o possível para contratar. O problema é não haver profissionais disponíveis.

Enfermeiros desistem da profissão

Além do excesso de trabalho, por serem poucos, os enfermeiros queixam-se de problemas estruturais e de uma carreira que deixou de ser apelativa. O sindicato nota que já não é só a fuga para o privado ou para o estrangeiro: muitos profissionais estão simplesmente a desistir da profissão. 

Exemplo disso é o caso de Silvestre Pereira. Foi enfermeiro na pneumologia, nas urgências, na viatura medica de emergência e reanimação do INEM e chefiou o serviço de psiquiatria. Mas a passagem de 35 a 40 horas semanais, por altura da intervenção da troika, fê-lo sentir que não dava para esticar mais. A possibilidade de assumir um negócio de família falou mais forte e, com 24 anos de carreira, deixou a enfermagem. 

Reduzir contratos temporários e oferta de habitação como solução

A administração da ULS do Algarve diz estar a fazer o que pode para melhorar as condições dos profissionais. Declara ter conseguido uma redução de 45% nos contratos a termo incerto ou temporário.

Outra medida que pretende ajudar a fixar profissionais no Algarve é a colocação no mercado de arrendamento a funcionários do setor da Saúde de 20 apartamentos, em Faro, atualmente ocupados com serviços administrativos. Para a conversão desses espaços, é ainda preciso arranjar lojas para onde transferir esses serviços.

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