Médicos internistas do Hospital do Barreiro apresentaram escusas de responsabilidade depois de terem sido obrigados a prestar assistência em situações obstétricas e ginecológicas. A Ordem dos Médicos e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) sublinham que esta situação é insustentável e perigosa.
A medida visa colmatar a falta de médicos nas especialidades de obstetrícia e ginecologia, mas já conta com a oposição de quase 30 médicos.
O novo procedimento de contingência do Hospital do Barreiro impõe aos médicos internistas e cirurgiões gerais a responsabilidade de prestarem assistência em situações obstétricas e ginecológicas na ausência de especialistas.
Numa carta enviada à administração hospitalar, os profissionais dizem que este acompanhamento não faz parte das competências que lhes são inerentes e, por isso, apresentaram escusas de responsabilidade, alertando que não assumirão consequências legais ou éticas resultantes de eventuais falhas de assistência.
No comunicado enviado às redações, a Ordem dos Médicosmanifestou-se muito preocupada com a situação e diz que o procedimento “revela um profundo desconhecimento dos limites técnicos e científicos das especialidades médicas envolvidas e demonstra uma preocupante ligeireza quanto à segurança dos cuidados prestados às grávidas e às mulheres.”
Medidas de "improviso"
Classifica ainda as medidas de "improviso" e diz que esta é uma ilusão de resposta aos problemas da unidade de saúde. A FNAM diz que a situação é inaceitável e critica a falta de vontade para a contratação de médicos.
O hospital já veio esclarecer que os internistas só serão chamados em situações "muito pontuais" e que apenas se registou um caso de atendimento por médicos internistas, "tendo a situação sido devidamente encaminhada".
A partir de setembro, a ministra da Saúde prevê que esteja sempre aberta a urgência de Almada, com um reforço de médicos do privado.
O plano do Governo é também criar urgências regionais. Para isso, e depois do verão, Ana Paula Martins quer iniciar negociações com os sindicatos.