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Castelos de Portugal: as fortificações abandonadas de Aguiar da Pena e Arnóia

A reconquista e o início da nacionalidade foram marcadas pela construção de muitos castelos, mas, ao longo dos séculos, vários foram abandonados. Visitamos os castelos de Arnóia, em Celorico de Basto, e o de Aguiar da Pena, em Vila Pouca de Aguiar.

Ricardo Venâncio

Paulo Fajardo

Num primeiro momento, quase pode passar despercebido pela forma como as muralhas do castelo de Aguiar da Pena se fundem com o granito onde assenta. Mas logo se revela aquilo que os especialistas chamam de um castelo roqueiro: edificações que aproveitam a dureza e os contornos naturais, para se tornarem ainda mais invencíveis.  

Apesar da estrutura atual ser já dos primórdios da nacionalidade portuguesa, acredita-se que ainda antes poderia haver aqui uma fortificação do chamado encastelamento - fase em que muitos foram construído 

O castelo, também conhecido como de Pena de Aguiar, encosta-se ao planalto do Alvão com vista privilegiada para o vale, cuja terra dominava. Um reduto que foi sinal do poder dos primeiros monarcas em Terras de Aguiar, onde habitantes da pequena aldeia vizinha, chamada Castelo, tinham de providenciar a guarnição. 

O tempo erodiu a capacidade de defesa de uma estrutura que, no século XV, se impunha na paisagem e que hoje se consegue reconstituir com base na arqueologia e no mundo digital. 

O mesmo aconteceu com o castelo de Arnóia. No resguardo da estrutura militar, cuja origem estará nos finais do século X, surge agora a aldeia do Castelo. Mas, até ao início de 1700, esta era a Vila de Basto, onde estava a sede do concelho de Celorico de Basto e o seu castelo altaneiro.  

Pela aldeia, permanecem vestígios do poder local, que relembram o fulgor perdido pelas mudanças na arte da guerra e a fixação das fronteiras. 

No fim da vida do castelo, no século XVI, sabe-se, graças à arqueologia, que morou aqui um ferreiro. No entanto, não se esqueceram centenas de anos de histórias e lendas que remontam à reconquista.  

Riqueza cultural e patrimonial que tem sido alvo de investimento, para contar parte da história das Terras de Basto, e do único castelo entre os 58 monumentos da Rota do Românico. Aposta que vai continuar. O Baixo Tâmega continuará assim a estar debaixo do olho vigilante de um castelo, que acabou por reconquistar um destaque que chegou a parecer perdido para sempre.

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