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Comissão de inquérito ao caso das gémeas está de regresso

No recomeço das audições, há uma suspeita que envolve uma seguradora brasileira, que terá beneficiado, em milhões de euros, com o tratamento das gémeas em Portugal, e à qual estará ligada a nora do Presidente da República.

Ana Geraldes

Retomam, esta sexta-feira, as audições na comissão parlamentar de inquérito às gémeas luso-brasileiras. Mais do que ouvir, esta tarde, o ex-cônsul em São Paulo, os trabalhos recomeçam com a expetativa de ter respostas sobre o envolvimento num negócio de seguros, a que está ligada a nora de Marcelo Rebelo de Sousa.

É sabido que,ao mesmo tempo que as audições seguem na comissão parlamentar, há umainvestigação que corre na Justiça. E,no momento em que retomam os trabalhos na Assembleia da República, depois das férias, é ao Ministério Público que a comissão recorreu para chamar duas figuras consideradas centrais para a história das gémeas luso-brasileiras em Portugal - e que, ao longo deste tempo, não deram qualquer resposta aos contactos feitos para serem ouvidos pelos deputados -: o pai das gémeas e a mulher de Nuno Rebelo de Sousa.

A comissão pediu para que esta semana fosse enviado um pedido para que a Justiça emitisse duas cartas rogatórias a enviar para a Justiça brasileira, para que sejam entregues a Samir Assade a Juliana Drummond.

Espera-se também por depoimentos de Marta Temido ou Manuel Pizarro, além de Augusto Santos Silva, dos chefes de gabinete do Ministério da Saúde e de ex-assessores de São Bento

António Costa recebeu as questões até à semana passada e responde por escrito.

Marcelo e as comunicações de Belém

Já Marcelo Rebelo de Sousa, ainda no último fim de semana, nada acrescentava à decisão que comunicou à comissão parlamentar deinquérito.

"Quando entender que é adequado, no fim do processo, ponderarei isso”, afirmou o Presidente da República, quando questionado sobre se iria prestar declarações aos deputados sobre o caso.

O Presidente da República é o único que pode recusar-se a responder a uma comissão deste tipo. O Chega, que a impos, pediu o acesso às comunicações privadas de Belém, mas o pedido foi recusado pelo presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco, após um parecer da Procuradoria-Geral da República.

A seguradora e a nora do Presidente

No recomeço das audições, há uma suspeita que envolve uma seguradora brasileira, que terá beneficiado, em milhões de euros, com o tratamento das gémeas em Portugal.

A mulher de Nuno Rebelo de Sousa trabalha em negócios de seguros no Brasil. Mas o filho do Presidente da República escudou-se na investigação judicial para a nada responder.

Pelo que se sabe, Juliana Drummon não é arguida no processo-crime.

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