Nos últimos dias Welton e Daiane são o amparo um do outro. Agarram-se à única recordação que têm do Raul. Do hospital trouxeram apenas a marca das mãos e pés do filho que perderam às 26 semanas de gestação.
O casal diz que nunca houve complicações durante a gravidez. Até ao dia em que a grávida, de 37 anos, teve uma perda de sangue e entrou nas Urgências do hospital de Cascais.
Cinco dias depois Daiane deixou de sentir o bebé e regressou ao hospital de Cascais. O feto não tinha frequência cardíaca e a nota de alta fala em morte por asfixia ou falta de oxigénio.
À dor da perda de um filho juntou-se o parto induzido que demorou 16 horas. O casal queixa-se da falta de assistência depois de terem estado sozinhos no momento em que o parto aconteceu.
Daiane diz que não foi vista por nenhum médico durante os quatro dias em que esteve internada. O hospital apenas lhe disse que o acompanhamento psicológico só chegaria oito semanas depois.
Quase 10 dias depois do parto, os pais não sabiam quando é que o corpo sairia da morgue e nem o resultado da autópsia. Ao início da tarde, minutos depois de a SIC ter pedido esclarecimentos ao hospital, Welton foi contactado para ir levantar o corpo para o funeral.
O casal acusa o hospital de negligência e quer recorrer à justiça. Em resposta à SIC, o hospital de Cascais escuda-se no sigilo profissional e na proteção de dados para recusar esclarecer se abriu um inquérito interno e se o caso foi comunicado às autoridades.
Esta quinta-feira, no dia da reportagem da SIC, o casal foi informado que só na próxima semana irá receber o resultado da autópsia.