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Ordem dos Engenheiros defende obrigatoriedade de proteção sísmica na construção de infraestruturas

Depois de um dos maiores sismos em Portugal Continental, a Ordem dos Engenheiros defende que as normas de construção e de reabilitação dos edifícios devem ser repensadas e algumas medidas devem ser obrigatórias.

João Maldonado

António Cunha

Margarida Bento Campos

O sismo de 5,3 na escala de Richter registado na segunda-feira parece não ter deixado sequelas, por exemplo na Mouraria, no centro da cidade de Lisboa. Mas o que aconteceria se a magnitude fosse maior?

"Há zonas mais vulneráveis e esta sendo uma zona bastante antiga da cidade é uma zona muitíssimo mais vulnerável sismicamente, se acontecer um sismo de magnitude elevada do que outras partes da cidade construídas de raiz e novas. Danos existiriam sempre, qual é a dimensão dos danos que existiriam? Nem o melhor especialista em engenharia estrutural sísmica sabe responder", explica Fernando Almeida Santos, bastonário da Ordem dos Engenheiros.

A Ordem dos Engenheiros defende que todos os edifícios de utilização pública, como escolas, tribunais ou hospitais devam incluir obrigatoriamente proteção sísmica com isolamento de base.

O novo Hospital de Lisboa Oriental, que será construído na zona de Chelas, já vai contar com esta nova técnica por exigência do Tribunal de Contas.

"Existe o equilíbrio entre aquilo que é a dimensão do investimento e salvaguarda das pessoas. Do meu ponto de vista qualquer investimento desses vale uma vida e portanto é imediato e se nós temos conhecimento sobre a melhor tecnologia a aplicar, pois apliquemo-la. Neste momento só existem três edifícios públicos em Portugal com isolamento de base sísmico, construídos de raiz, porque isto é uma tecnologia nova", acrescenta o bastonário.

O sismo com epicentro em Sines pode ser uma oportunidade para reavaliar as leis e os procedimentos de construção e reabilitação dos edifícios. A Ordem dos Engenheiros pede mais exigência.

"Nós temos vindo a propor uma vistoria por amostragem do nosso parque de infraestruturas e habitacional para depois poder atuar. Sinalética de segurança, ou seja, onde é que eu me posso colocar dentro deste edifício se existir um sismo. Havendo imposição de regulamentação técnica, os engenheiros em Portugal têm de assinar termos de responsabilidade técnica sobre a sua dimensão profissional. Nós temos de confiar também nos profissionais qualificados que formamos em Portugal."

Esta semana vai ser lançada pela Câmara Municipal de Lisboa, uma aplicação que permite aos utilizadores saber qual o risco sísmico dos edifícios na capital.

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