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Buscas na Madeira: antigo procurador-geral fala em "operação excessiva"

De acordo com o antigo procurador-geral da República Cunha Rodrigues, foi criado "um contexto que devia ser explicado" relativamente às buscas na Madeira.

SIC Notícias

O antigo procurador-geral da República José Narciso da Cunha Rodrigues considera que a Justiça está a perder confiança. Sobre a mega operação de buscas na Madeira, reafirma que foi “excessiva”.

Acrescentou ainda que a “operação foi excessiva”, pedindo explicações do caso.

“Não tenho nenhum elemento para dizer se fazia sentido ou não a intervenção naquela data, pois não conheço o processo. Agora disse publicamente, e aqui mantenho, que aquela operação foi excessiva e devia ser explicada”, afirma Cunha Rodrigues.

Cunha Rodrigues reforçou que há “um contexto que devia ser explicado”.

“ As forças armadas são elementos que têm a seu cargo uma série de funções, principais e acessórias, e que estão perfeitamente definidas. e foi essa ideia que eu disse: reunir-se todos os elementos, o número de intervenientes, o facto de se usarem vias militares, o facto de jornalistas terem noticiado esses factos criou um contexto que devia ser explicado”, acrescentou.

Na sexta-feira, o Ministério Público tinha pedido prisão preventiva, a medida mais gravosa, para os três arguidos.

O termo de identidade e residência, de aplicação obrigatória quando alguém é constituído arguido, consiste na identificação da pessoa e indicação da sua residência, bem como na obrigação de comparecer perante as autoridades sempre que houver uma notificação.

O arguido não pode mudar de residência ou ausentar-se por mais de cinco dias sem comunicar o lugar onde pode ser encontrado.

Como começou o caso na Madeira?

A Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

A PJ deteve nesse dia o então presidente da Câmara do Funchal, que entretanto renunciou ao cargo, e os dois empresários.

O presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo.

Em causa no processo estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.

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