O Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi esta quarta-feira constituído arguido no âmbito das buscas da Polícia Judiciária na Madeira por suspeitas de corrupção. Afirmou estar de consciência tranquila e garante que que não se demitirá, mostrando-se disponível para colaborar “de forma ativa” com a Polícia Judiciária.
O comentador da SIC Paulo Baldaia é da opinião que deveria demitir-se até para se defender. “Do ponto de vista judicial, eu percebo a atitude de Miguel Albuquerque, do ponto de vista político é diferente”.
“A questão é que politicamente, alguém que é suspeito num caso, já foi constituído arguido de crimes que foram praticados no exercício da função que ocupa, não me parece que haja condições políticas para se manter no cargo, em qualquer circunstância, seja Miguel Albuquerque seja um outro político em funções e executivas, seja Presidente da Câmara, seja um primeiro-ministro”.
“Não me parece de todo que as condições políticas que Miguel Albuquerque tem neste momento sejam suficientes para se manter no cargo”.
Do ponto de vista judicial, “a questão vai começar a complicar, porque Miguel Albuquerque dizia que, mesmo que fosse constituído arguido, que se manteria no cargo para se defender.”
“Acontece que, para se defender, ele tem que perder as duas imunidades: aquela que é determinada pela Assembleia Regional da Madeira e, sobretudo, como ele é conselheiro de Estado, tem que ser autorizado pelo Conselho de Estado para prestar declarações”.
“Um terramoto político na Madeira que provocou um pequeno tsunami no continente”
Duas das principais figuras do PSD no arquipélago estão envolvidos nesta investigação.
A primeira consequência “foi admitida pelo próprio líder do PSD, Luís Montenegro, que na reação que teve àquilo que estava a acontecer ontem na Madeira, admitiu que a grande iniciativa que AD contava ter ontem que era a apresentação do cenário macroeconómico e propostas de cortes (…) passou a uma nota de rodapé noticioso”.
“É um falhanço completo”.
“O PSD vai ter que encontrar novamente uma forma de fazer pela segunda vez aquilo que não funcionou: apresentar este cenário macroeconómico, apresentar as propostas de maneira a que elas possam ser vistas e ouvidas por pela população”.
A segunda consequência é que “isto vai perseguir" o PSD.
“Há aqui uma certa incoerência que é difícil para o PSD gerir politicamente. Há sempre um paralelo que se estabelece com o processo de Influencer e este processo agora na Madeira e, portanto, as consequências destes dois processos têm que ser idênticas".