No primeiro dia do julgamento do Caso EDP, o antigo ministro Manuel Pinho explicou ao tribunal que os pagamentos feitos pelo Grupo Espírito Santos (GES) eram comuns e resultavam de “más práticas” da empresa. Afirmou ainda, no final da sessão, que a mulher, Alexandra Pinho, só está entre os arguidos por ser casada com ele.
O antigo ministro da Economia nega ter feito acordo com Ricardo Salgado antes de ir para o Governo e afirma que os pagamentos em offshores eram a única maneira de trabalhar no GES. Manuel Pinho sublinhou que o grupo, liderado por Ricardo Salgado, tinha “más práticas a pagar vencimentos e prémios no estrangeiro” a dezenas de altos funcionários.
Em declarações aos jornalistas, no final da sessão judicial, o antigo ministro criticou o facto da sua mulher ter sido considerada arguida, afirmando que essa acusação se prende com a mentalidade da sociedade de que “as mulheres só sobem na horizontal” – numa referência à necessidade de haver um relacionamento íntimo com um homem para que a mulher possa progredir profissionalmente.
“Há uma mentalidade em Portugal muito triste em que as mulheres só podem subir na horizontal. E eu acho uma coisa inadmissível”, afirma o antigo ministro. “Em Portugal, uma mulher como a minha mulher só pode manter o emprego – não é ser promovida – na horizontal, porque é casada comigo. Acho que é uma mentalidade totalmente absurda, inadmissível e muito feia.”
Manuel Pinho começou a ser julgado esta sexta-feira no âmbito do Caso EDP. Além do antigo ministro, são também arguidos Ricardo Salgado, ex-presidente do GES, e Alexandra Pinho.