A Evaristo Sampaio era a última fábrica do ramo a operar na aldeia de Trinta, que chegou a ser a mais industrializada do concelho da Guarda.
A empresa têxtil ainda sobreviveu 10 anos a um plano especial de revitalização, mas desta vez os credores pediram a insolvência que já corre no tribunal da Guarda.
O despedimento coletivo, anunciado esta terça-feira pela administração, deixa 32 pessoas sem trabalho, das quais 23 são operárias.
"Nunca pensei que isto fecharia. Há 31 anos que aqui ando, vim para cá uma garota, com 14 anos", conta uma funcionária.
“Eles tentaram-nos enganar. Meteram-nos em lay-off e disseram que era durante ano e meio, mas só foi um ano, depois não houve nada”, contesta outra.
A SIC contactou por telefone o dono da fábrica, que não atendeu a chamada.
“Fomos surpreendidas com uma reunião”
Esta manhã, a empresa insolvente estava de portas fechadas. Ainda sem documentos que atestem o fim de ciclo, as operárias chamaram a GNR para evitar faltas injustificadas e um despedimento por justa causa.
"Fomos surpreendidas com uma reunião de despedimento coletivo (...) Foi verbal, não nos deram carta nenhuma"
As trabalhadoras não sabem se as máquinas ainda estão dentro do edifício, dizem que o patrão deixou claro não haver património para lhes pagar.
Falta os salários do mês de agosto. E algumas também têm férias e indemnizações por receber. Compensações por antiguidade e demais direitos só mesmo recorrendo ao fundo de garantia salarial.
Para já, apagou-se a luz
A faixa etária das operárias é elevada. A maioria só teve este emprego na fábrica que nasceu na aldeia de Trinta na década de 40 do século passado.
A Evaristo Sampaio era a única empresa do setor têxtil em funções na povoação que viveu décadas a fio da indústria. Foi por isso a primeira a ter eletricidade no concelho. Para já, apagou-se a luz.