Nuno Caiado, o primeiro subscritor da carta que impulsionou a criação da comissão para estudar os abusos na Igreja considerou esta quinta-feira "muito positivo" que o novo patriarca de Lisboa tenha mencionado sem rodeios o problema dos abusos sexuais na Igreja.
Numa declaração escrita à agência Lusa, Caiado reiterou que as tomadas de posição do bispo Rui Valério sobre a questão dos abusos sexuais na Igreja são de "agora e antes".
"Os católicos precisam de se repensar como Igreja e refletir seriamente sobre qual o seu papel na sociedade, e espera-se muito que se mobilizem nesse sentido. O novel patriarca terá aqui um papel relevante, ou não, dependerá dele mesmo e de quem ele convocar como colaboradores e conselheiros: gente nova e fresca que pensa para além da sacristia e dos rituais, ou a própria sacristia. No fundo, tudo depende disto", afirmou.
Após a revelação do sucessor de D. Manuel Clemente no patriarcado de Lisboa, o ainda Bispo das Forças Armadas e de Segurança deixou uma palavra às vítimas de abusos por membros da Igreja, assegurando que partilha da sua dor e está apostado na "tolerância zero" preconizada pelo Papa Francisco para estes casos.
"Saúdo os irmãos e irmãs vítimas de abusos por membros da Igreja, meus irmãos; partilho da vossa dor e, juntos, vamos prosseguir, com esperança, no caminho da cura total do vosso e nosso sofrimento, da tolerância zero", escreveu na mensagem divulgada poucos minutos após o anúncio da sua nomeação pelo Vaticano.