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Furto de morfina das instalações do INEM sob investigação

Caso aconteceu na base logística da Quinta do Lumiar, em Lisboa, e foi detetado após a realização de um inventário de rotina às viaturas que lá se encontram estacionadas. À SIC Notícias, o INEM confirmou “um furto de material ”.

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Cláudia Machado

Cerca de dez ampolas de morfina foram furtadas de instalações do INEM, na base logística da Quinta do Lumiar, em Lisboa, nos últimos dias. O furto foi detetado após a realização de um inventário de rotina às viaturas estacionadas naquele local e reportado à direção do Instituto Nacional de Emergência Médica no início da semana.

À SIC Notícias, fonte oficial do INEM “confirma que ocorreu um furto de material na Quinta do Lumiar” e assegura que “o incidente está sob investigação”.

A mesma fonte garante que não se trata de “material das ambulâncias de reserva do INEM estacionadas na Quinta do Lumiar, pelo que a operacionalidade destas viaturas nunca esteve em causa”.

Trata-se, apurou a SIC Notícias, de morfina que estava armazenada numa Viatura de Intervenção em Catástrofe (VIC). Este veículo é usado em casos com múltiplas vítimas, permitindo instalar em locais de desastre um pequeno hospital de campanha.

Cada uma das ampolas furtadas continha 10 miligramas de morfina e, ao que a SIC Notícias conseguiu apurar, não foi levado todo o stock da viatura. Apenas uma dezena de ampolas. A morfina é um analgésico da classe dos opioides – podendo por isso causar dependência - administrado por via oral ou injeção e usado no combate à dor moderada a forte.

Associação pede criação de comissão parlamentar ao INEM

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) reagiu ao furto, que considera “mais um episódio de manifesta gravidade que vem pôr a nu o mau funcionamento do INEM, que se entende como o limiar da falta de competência, gestão e coordenação”.

Apelando à “necessidade emergente da criação de uma comissão parlamentar de inquérito” ao Instituto, a ANTEM diz não entender “como pode estar em funções o conselho de direção liderado por Luís Meira, e na pior das hipóteses este vir a ser reconduzido nas funções”.

A morfina é um fármaco narcótico de alto poder analgésico usada principalmente para aliviar dores intensas, agudas e crónicas. Que pertence ao grupo dos opioides, este fármaco deve estar devidamente controlado, acomodado", sublinha a ANTEM, acrescentando que “não é por acaso que nos países onde existem verdadeiros serviços médicos de emergência - onde este fármaco se encontra na carga das unidades de resposta (ambulâncias) se encontra num pequeno cofre no compartimento destinado ao paciente”.

Por fim, a ANTEM adianta que “uma vez que se trata de um instituto público, financiado com o dinheiro dos contribuintes o referido relatório [da auditoria interna] deverá ser tornado público por aquele Instituto nas suas redes sociais à semelhança de outros relatórios e assuntos de interesse minor”.

Auditoria aponta falhas no armazenamento de medicamentos

Este furto foi detetado ainda antes de terem sido tornadas públicas as conclusões de uma auditoria interna ao INEM, que apontou várias falhas no armazenamento de medicamentos. O relatório, elaborado entre os dias 23 de maio e 7 de junho, constatou que o Instituto não garante que todos os consumíveis estão dentro da validade, o que pode colocar em risco a segurança dos doentes.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar enviou a autoria para o Ministério Público e também para a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), com esta última a garantir que vai analisar todas as situações reportadas.

Além da falta de segurança no armazenamento de medicamentos, a auditoria apontou a falta de controlo de pragas, incluindo num armazém onde são guardados os consumíveis e medicação para distribuição a nível nacional.

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