Há cada vez mais estrangeiros com profissões que podem ser exercidas remotamente a escolher cidades algarvias, como Lagos, para trabalhar. Vêm por algumas semanas e estão a fazer crescer o número de espaços de trabalho partilhado.
Esta terça-feira eram cerca de 40, mas foram já 100 os profissionais a marcar presença neste encontro semanal do Lagos Digital Nomads, comunidade que junta trabalhadores remotos de todo o mundo, na sua maioria alemães e holandeses.
Estes nómadas digitais têm entre 20 e 60 anos, trocam contactos e partilham experiências.
É o caso da colombiana Sara, em Lagos há cerca de um ano, desenha sites e é professora de ioga. Para Sara, encontrar habitação não foi um problema, fê-lo em época baixa, quando o fluxo de nómadas é menos rotativo.
Sente, porém, que a comunidade está a aumentar e vê no trabalho remoto uma oportunidade para viajar e conhecer novas pessoas.
Muitos optam por trabalhar de casa ou em cafés, mas há quem prefira espaços de cowork, como David, arquiteto irlandês que chegou em novembro e precisa apenas de uma mesa e um portátil com ligação à internet.
David planeia deixar a cidade em maio e conta já ter amigos interessados em seguir-lhe as pisadas. Mora na baixa e também não teve dificuldade em arranjar alojamento.
Também a alemã Stefanie não resistiu às vantagens do trabalho remoto, comprou casa durante a pandemia, ciente de que a dificuldade em encontrar habitação é um dos principais problemas do país.
Embora muitos culpem o aparecimento destes profissionais estrangeiros, qualificados e bem pagos pelo aumento do preço das casas, há quem veja o tema por outro prisma.
A fevereiro de 2022, o projeto sinalizava mais de quatro mil nómadas. Hoje, são quase 7 mil, grande parte ligada ao Marketing e novas tecnologias.
Joana acompanha de perto este crescimento e explica que a fixação de novos trabalhadores na cidade tem tido um impacto visível na economia local.
Portugal começou a emitir vistos para nómadas digitais em outubro de 2022.
Com uma média de 300 dias de sol por ano, Lagos é um dos destinos mais populares entre profissionais remotos, que aqui permanecem por algumas semanas ou até meses, rendidos à possibilidade de trabalhar perto do mar.