País

Costa foi ao Parlamento e não poupou ninguém: “Nas outras funções fala-se, no Executivo faz-se”

O programa do Governo para a habitação gerou um debate aceso no Parlamento. Da esquerda à direita, quase ninguém poupou nas críticas, mas na hora da resposta nem o Presidente Marcelo se safou.

SIC Notícias

O Presidente da República foi um dos principais alvos de António Costa no debate sobre o programa Mais Habitação, esta quarta-feira no Parlamento. Sem nunca referir o Presidente da República, o primeiro-ministro queixou-se de contributos muito destrutivos neste processo e de funções onde se fala muito.

“A razão pela qual prefiro funções executivas a outras funções é porque nas outras funções fala-se, fala-se, fala-se… mas no Executivo ou se faz ou não se faz, mas a medida do que se faz está nos resultados”, atirou António Costa.

O sujeito da frase é indiscutivelmente o Presidente da República, único titular de um cargo não executivo, quem tem falado, com repetida desconfiança, sobre o pacote de habitação do Governo.

Mas as armas não foram só apontadas a Marcelo.

Da esquerda à direita, o primeiro-ministro não deixou nenhum partido sem resposta

“Nós já abrimos o melão, já o provámos e já percebemos que o melão não é bom e, como disse o Presidente da República, é um programa cartaz, é uma lei de propaganda”, atirou o social-democrata Joaquim Miranda Sarmento.

“Não digam já que o melão é mau porque ainda não conhecem o melão. Uma coisa mto importante na política e entre órgãos de soberania é cada um atuar no momento próprio”, retorquiu Costa.

O primeiro-ministro lembrou que só no dia 30 é que o Governo vai apresentar propostas concretas e juntou Passos Coelho e Cavaco Silva ao debate para garantir que foram os inventores do arrendamento forçado.

“Vejo grande oposição a medidas que não são propriamente novas. (...) Foi promulgado por Aníbal Cavaco Silva, sábio dos sábios (...) foi referendado pelo não menos sábio Pedro Passos Coelho”, atirou Costa.

Nem Carlos Moedas foi poupado

“Na semana passada foi possível obter acordo para licenciamento por parte da Câmara de Lisboa que obriga a reduzir o número de camas de 603 para 450 para poderem ser licenciadas”, disse.

Inês Sousa Real juntou-se no ‘puxão de orelhas’ ao autarca de Lisboa e acrescentou: “Autarcas que se congratulam com arrendamentos para estudantes a preços astronómicos (...) como se estivéssemos empenhados a construir alojamentos para unicórnios”.

O PAN ajudou, mas PCP e BE dirigiram críticas ao Executivo.

“Não tem na verdade nenhuma medida para descer o preço da habitação”, disse Catarina Martins, do Bloco de Esquerda.

“O Governo a continuar a promover o negócio da habitação ao invés de proteger esse direito”, afirmou Paula Santos, do PCP.

António Costa não deixou os comunistas sem resposta: “Tenho ouvido dizer que é um programa comunista e que o meu pai se fosse vivo teria tido muito orgulho no filho. Infelizmente não está vivo e provavelmente não tem razões para estar orgulhoso nesse ponto de vista porque o PCP afinal não acha um programa comunista”.

Foi depois a vez da direita condenar o Executivo

“Se fosse ministro da Habitação escondia-me numa toca e não aparecia mais”, afirmou Ventura. A Iniciativa Liberal fez uso do reino animal para também lançar críticas ao primeiro-ministro: “É o coiote da política portuguesa”, disse Carlos Guimarães Pinto.

Costa até pode dizer que não, mas esta quarta-feira ficou provado que o programa para a habitação está a construir um muro entre Belém e São Bento.

Últimas