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Escalada dos preços nos bens alimentares não se reflete na carteira dos produtores

Aumento dos preços dos alimentos frescos está a ter impacto negativo nos consumidores e vendedores. Quem compra, admite ter de pensar duas vezes e quem vende, fala em quebras no negócio e reconhece o aumento do desperdício.

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SIC Notícias

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, assegura, que o Governo tomará todas as medidas necessárias para proteger os consumidores de eventuais preços especulativos dos bens alimentares.

"Iremos estudar todas as medidas de maneira a poder mitigar a quebras que existem em todas as fases da cadeia alimentar e garantir que o consumidor paga um preço justo", garantiu a Maria do Céu Antunes.

Já a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) aponta responsabilidades ao Executivo e defende uma descida do IVA.

"Principal culpa do é o Governo, por um lado pelos apoios que não dá e por outro pelo controlo que não há. Agora ficam muito espantado que os preços subiram mais que os outros, mas espantado de quê? Não fez o seu trabalho, não compensou. Não abdicou de 1€ no IVA".

As reações mais recentes dos partidos a este tema também apontam o dedo ao Governo. O Bloco do Esquerda diz que é preciso agir, enquanto o secretário-geral do PCP não acredita que a intervenção da ASAE seja suficiente.

“Esta situação é um assalto à carteira de todos nos. Mas sendo um assalto não se resolve com medidas policias, nem apenas com ações inspetivas e muito menos com pedagogia", criticou Paulo Raimundo.

Lucros não se refletem na carteira dos produtores

O aumento dos preços dos alimentos frescos está a ter impacto negativo nos consumidores e vendedores. Quem compra, admite ter de pensar duas vezes e quem vende, fala em quebras no negócio e reconhece o aumento do desperdício, com produtos que não conseguem ser escoados.

A subida é generalizada a todos os bens alimentares e com os produtos mais caros, sobretudo nas bancas de frutas e legumes, mas as cebolas foram um dos bens alimentares que sofreu o mais aumento.

Apesar do aumento nas cebolas, muitas vezes os lucros não se refletem na carteira dos produtores, fazendo com que muitos prefiram vender diretamente ao consumidor. Só em janeiro os preços dos bens alimentares subiram quase 20%.

Na feira anual das cebolas, em Vila Pouca de Aguiar, Rosa Pedro decidiu dar continuidade à tradição da família de produção de cebolas.

Vende toda a produção na feira anual, onde os preços são definidos mediante a procura e apesar de ter conseguido vender melhor, a produtora diz que não se justifica um aumento tão grande do preço das cebolas.

“A cebola é uma coisa que não dá assim tanto trabalho, temos mais prejuízo com a batata do que com as cebolas”.

Aumento dos preços na ordem dos 50%

A Deco tem anunciado o aumento dos preços na ordem dos 50 % e Rosa Pedro refere: "sempre nos queixamos, sempre se falou que o intermediário é que ganha". É por isso que Rosa e outros produtores, preferem vender diretamente ao consumidor.

Recentemente a ASAE instaurou 51 processos por suspeita de especulação de preços. O Governo garante que ações de fiscalização vão ser intensificadas.

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