Paulo Raimundo fez este domingo o primeiro discurso enquanto secretário-geral do PCP. Com a promessa de manter o mesmo compromisso de sempre, Paulo Raimundo deixou um forte agradecimento a Jerónimo de Sousa.
O anúncio do resultado da eleição realizada no sábado pelo Comité Central foi feito durante a manhã e logo a seguir, no pavilhão Alto do Moinho, em Corroios, Seixal, Jerónimo de Sousa dirigiu-se ao sucessor, apertou-lhe a mão com firmeza e deu-lhe um abraço.
Momentos depois começou aquele que foi o primeiro discurso do novo dirigente do Partido Comunista português. O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, agradeceu a Jerónimo de Sousa o seu "empenho e contributo" e dirigiu-lhe um "até já", alertando os militantes que "há quem salive e desespere pelo fim do PCP".
"Porque não esquecemos o papel de cada um no coletivo partidário, em nome do Comité Central, em nome da Conferência Nacional e certamente que em nome de todo o Partido, gostaria de dirigir uma palavra ao camarada Jerónimo de Sousa", afirmou Paulo Raimundo.
"A alteração das tuas responsabilidades não significa um adeus, é um até já camarada", disse, num momento em que os delegados e militantes presentes se levantaram para aplaudir Jerónimo de Sousa e entoar "Assim se vê a força do pêcê".
Dirigindo-se para 'dentro', Paulo Raimundo avisou que "há quem salive e desespere pelo fim do PCP".
"Pois daqui fica o conselho, esperem sentados, porque um partido ligado aos trabalhadores, às populações, aos seus problemas e anseios, determinado em lhes dar esperança, um partido assim e como aqui se reafirmou na Conferência, a única coisa a que está condenado é a crescer e a alargar a sua influência", defendeu, num dos momentos altos do seu discurso em que foi mais aplaudido.
Com uma camisa azul clara, um 'blazer' escuro e calças beges, o novo secretário-geral do PCP deixou apelos "ao coletivo partidário".
"Em todas as frentes de luta e intervenção seja como eleitos nas autarquias, na Assembleia da República, nas assembleias legislativas regionais, no Parlamento Europeu, seja nos sindicatos e outras estruturas dos trabalhadores, seja na frente de intervenção de organizações de massas das mais diversas áreas, seja na ação de todos os dias, do contributo mais modesto ao mais qualificado, aqui fica o apelo, que todos e cada um dê mais um pouco, faça mais um esforço, ganhe mais confiança nesta luta que travamos pelos trabalhadores, o povo e o País, por uma sociedade e um mundo mais justos", vincou.
PCP tem uma enorme responsabilidade" mas está à altura
Paulo Raimundo sustentou que o partido tem "uma enorme responsabilidade" e a conferência dos últimos dois dias demonstrou que está "à altura".
"Temos uma enorme responsabilidade, mas, como a nossa conferência nacional demonstrou estamos à altura dessa responsabilidade", disse Paulo Raimundo, o quarto secretário-geral do PCP em democracia, no início da intervenção de encerramento da Conferência Nacional do PCP, em Corroios, concelho do Seixal.
E mesmo no início, um improviso: "Que grande é o nosso partido. Com esta força é muito mais fácil levar por diante as tarefas do partido, sejam elas quais forem".
"Fogo não se apaga com gasolina"
Na primeira intervenção que fez como sucessor de Jerónimo de Sousa, o quarto secretário-geral do PCP em democracia sustentou que o PCP tem "a autoridade de quem sempre se opôs à guerra" que eclodiu a 24 de fevereiro na Ucrânia.
E deixou um alerta: "Fogo não se apaga com gasolina, tomamos a iniciativa pela paz".
Raimundo defendeu que o PCP não se conforma nem resigna com o capitalismo que "apenas tem para oferecer a guerra, a miséria, a corrupção e a degradação ambiental, tem de facto muita força" mas que "não tem força bastante para travar o mais belo projeto que a humanidade conhece e que colocará a igualdade, a justiça e a paz no centro dos objetivos da atividade humana, o socialismo e o comunismo, a sociedade nova, a que o futuro pertence".
Vincando que "o PCP conta, e conta muito", Paulo Raimundo assinalou que para atingir estes objetivos conta também com "os dois mil novos militantes que aderiram ao partido desde o início do ano passado e com os milhares que serão membros do partido nos próximos anos".
" [O PCP] Conta na vida de todos os dias, conta na luta de todos os dias, conta, e cada vez é mais necessário, aos trabalhadores, ao povo e ao país", rematou.
O novo líder fez questão de sublinhar que o PCP vai seguir as mesmas linhas e compromissos de sempre.
No final da sua intervenção, Paulo Raimundo e Jerónimo de Sousa deram as mãos em conjunto e deram um novo abraço perante uma plateia de punhos erguidos e bandeiras no ar.
No final, tal como acontece nos congressos do PCP, foram cantados os hinos comunistas "Avante, Camarada" e "A Internacional", encerrando com o Hino Nacional.