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Rio não vai mudar estratégia nem fazer "discurso violento à direita" para ganhar votos

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, fala aos jornalistas na sede nacional do PSD, em Lisboa
MANUEL DE ALMEIDA

Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio, assegurou esta quarta-feira que não vai mudar de estratégia face aos resultados das presidenciais de domingo nem fazer um discurso violento à direita para captar mais votos nesse espaço político.

No final de um encontro com o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, na sede nacional dos sociais-democratas, Rio foi questionado se os resultados das presidenciais - em que o líder do Chega, André Ventura, alcançou o terceiro lugar e 11,9% dos votos - poderiam obrigar a uma mudança de estratégia do centro-direita.

"Se estão à espera que vá fazer agora um discurso à direita e violento para ir tentar captar uns votos que vêm com esse discurso violento à direita, esse não é o discurso do PSD, muito menos o meu. Teria então o PSD de ter um líder diferente para se colocar lá à direita. Era capaz era de perder os votos moderados... ", respondeu Rio.

O líder social-democrata admitiu que pode haver "pormenores de ordem tática" a acertar, mas assegurou que "a estratégia e a ideologia não mudam".

"Não podem esperar que um líder do PSD desate com um discurso radical à direita. Eu não estou na política a qualquer preço, para qualquer discurso. Temos um espaço e o nosso espaço é, sobretudo, ao centro", acrescentou.

Rui Rio foi ainda questionado, a propósito do seu discurso na noite eleitoral de domingo, se estaria "muito satisfeito" com o resultado de André Ventura, depois de ter salientado os seus resultados no Alentejo.

"Não, não tenho razões para isso. O que estão a tentar dizer é que as votações que o Chega teve foram todas à custa dos votos do PSD e eu expliquei que, nos distritos comunistas, o Chega ficou à frente do Partido Comunista. Mas há sempre quem não queira entender... ", afirmou.

O líder do PSD rejeitou ainda que o 'timing' do seu encontro com o presidente do CDS-PP estivesse relacionado com o resultado das presidenciais, apenas lembrando que sempre disse que não queria discutir autárquicas antes deste sufrágio.

"Cada vez que há eleições analisamos os resultados eleitorais internamente, não tenho de vir para a praça pública", disse ainda, reiterando, tal como disse no domingo, não estar preocupado com a votação do Chega.

"Tenho grande confiança que as forças mais moderadas e do centro, que tiveram uma vitória absolutamente esmagadora no domingo, consigam impor-se", acrescentou.

O líder do PSD foi ainda desafiado a comentar as comparações que André Ventura tem feito entre si e o fundador do PSD Francisco Sá Caneiro.

"Não há qualquer similitude, se lermos os escritos do dr. Sá Carneiro - temos de os enquadrar no tempo - são muito à esquerda, de centro bem à esquerda", frisou.

PSD e CDS com princípio de acordo para uma coligação nas próximas eleições autárquicas

Os presidentes do PSD e do CDS-PP anunciaram hoje que irão assinar até meio de fevereiro um acordo-quadro para as autárquicas que exclui a possibilidade de coligações com o Chega.

No final de uma reunião de cerca de hora e meia, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos não quiseram referir-se nem a municípios concretos nem balizaram o número de coligações pré-eleitorais que esperam alcançar, que estará dependente da vontade das estruturas locais e da aceitação das direções nacionais.

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