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Fenprof acusa Ministério de obrigar professores a corrigirem teste do Cambridge

A Federação Nacional de Professores (Fenprof)  acusou hoje a tutela de obrigar os docentes a fazerem formação para serem  corretores do teste de diagnóstico de Inglês, certificado pela Cambridge  English Language Assessment, num processo que, invocou, é de adesão voluntária.

Líder da Fenprof, Mário Nogueira (Lusa/Arquivo)
Antonio Cotrim

Numa resposta à agência Lusa, o Ministério da Educação e Ciência vincou  que a inscrição e, consequentemente, a formação de docentes classificadores  da prova - com componente escrita e oral - é voluntária. 

Em comunicado, a Fenprof refere, sem precisar o número, que "são vários  os docentes que se dirigem aos sindicatos" afetos à estrutura a reclamar  "da sua indigitação para participar numa formação" a realizar na sexta-feira  "e que se destina a obrigar esses docentes a participarem nos procedimentos  referentes ao teste Key for Schools".  

De acordo com a maior estrutura sindical representativa dos professores,  afeta à CGTP, "a inscrição na bolsa de professores classificadores deste  teste é um ato voluntário" e os docentes não podem ser obrigados a participar.

A Fenprof alega que professores que não se inscreverem na plataforma  disponibilizada para o efeito, pelo Instituto de Avaliação Educativa, "possam  agora ser coagidos com 'comunicações' das direções dos agrupamentos (escolares)  para fazer formação e, em consequência, participar num processo a que não  se encontram legalmente vinculados". 

Numa curta resposta enviada à Lusa, o Ministério da Educação e Ciência  frisou que "a inscrição é voluntária", sendo que os classificadores, "uma  vez inscritos, assumem um compromisso". Além disso, "sendo o teste obrigatório,  é necessário assegurar a sua classificação". 

A formação, adianta a tutela, "tem diversos custos, nomeadamente relativos  à dispensa de funções para a sua realização". "Os professores não servem para certificar os conhecimentos de Inglês,  e já servem para corrigir provas?", questionou o secretário-geral da Fenprof,  Mário Nogueira, em declarações à Lusa.  

No comunicado, a Federação Nacional dos Professores exige que o Ministério  da Educação e Ciência esclareça qual o diploma "que alterou o regime de  voluntariado, no sentido de colocar à disposição de uma empresa privada  trabalhadores dos serviços públicos", ou que, não havendo tal alteração,  "determine a ilegalidade das comunicações das escolas e do Instituto de  Avaliação Educativa para os docentes". 

O Sindicato dos Professores do Norte, afeto à Fenprof, alegou hoje,  também em comunicado, que a "tentativa de recrutar 'voluntários' para rapidamente  fazerem a formação (um requisito obrigatório para os classificadores deste  teste), está a ser feita num momento em que já decorre o prazo para a realização  da componente oral do teste". 

Para este sindicato, "era expectável que a maioria dos docentes não  se voluntariasse para esta função", a de classificadores, porque "os professores  estão a dar aulas a mais turmas, cada uma delas com um número mais elevado  de alunos". 

O "Key for Schools Portugal" é obrigatório para todos os alunos a frequentar  o 9. ano de escolaridade, podendo ser realizado, opcionalmente, por alunos  dos 11 aos 17 anos a frequentar outros níveis de escolaridade (6., 7.,  8., 10., 11. e 12. anos), mediante inscrição prévia. 

De acordo com o seu promotor, o teste de diagnóstico de Inglês, que  avalia os conhecimentos da língua, escrita e falada, é concebido pelo Cambridge  English Language Assessment, uma organização sem fins lucrativos pertencente  à Universidade de Cambridge, no Reino Unido. 

 

     

 

Lusa

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