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Administradores dos IPO de Lisboa e Coimbra alertam para falta de pessoal

Os administradores dos IPO de Lisboa e de Coimbra lançaram um alerta preocupante, esta manhã, no Parlamento. Os dois responsáveis dizem que as limitações na contratação de pessoal estão a criar grandes problemas no funcionamento das instituições. O responsável do Instituto Português de Oncologia de Coimbra explicou, por exemplo, que continua à espera de autorização para contratar dois médicos, para substituir os que morreram no ano passado.

Durante uma audição requerida pelo PS, CDS-PP e PCP, a propósito do  documento "em defesa dos doentes oncológicos", elaborado por 65 oncologistas  contra o despacho que regulamenta a prescrição e dispensa de medicamentos  inovadores, os presidentes dos três IPO transmitiram aos deputados da Comissão  de Saúde as suas apreensões com a falta de pessoal. 

Em causa estão dificuldades no recrutamento de pessoal, agravadas com  a saída de muitos profissionais. Só no IPO do Porto saíram 90 funcionários  nos últimos dois anos, cuja substituição a administração solicitou, tendo  recebido recentemente autorização para uma contratação. 

O administrador do IPO do Porto, Laranja Pontes, considera que a situação  pode agravar-se nos próximos tempos, pois alguns recursos atuais poderão  aceitar propostas para irem trabalhar para outros países europeus e também  no Brasil, onde o recrutamento está já a dar os primeiros passos. 

"Vamos perder recursos e, por isso, provavelmente as nossas instituições  vão ter problemas", disse. 

O IPO do Porto trata 10 mil dos 40 mil novos casos de cancro que se  registam anualmente. 

Em Lisboa, o IPO está igualmente a sofrer com as dificuldades no recrutamento  de pessoal, com o administrador Francisco Ramos a sublinhar que estas vão  ter consequências. 

"Está quase a fazer um ano desde que fizemos o primeiro pedido", disse  Francisco Ramos, para quem só "graças a uma gestão parcimoniosa" tem sido  possível alcançar os "bons resultados" deste instituto, que ainda assim  diminuiu os índices de atividade no ano passado. 

"2013 não foi um ano tão bom em termos de crescimento como costuma ser,  o que resultou da sucessão de restrições de financiamento, das limitações  à gestão de recursos humanos que hoje existe em todos os hospitais do Serviço  Nacional de Saúde (SNS)", adiantou. 

Apesar das restrições, o IPO de Lisboa - onde anualmente são tratados  8.000 novos casos de cancro -- "garantiu níveis de resposta compatíveis  com o que conhecemos e que são um enorme caso de sucesso", assegurou. 

No IPO de Coimbra, que trata todos os anos 6.000 novos casos de cancro,  há 20 lugares vazios que aguardam há cerca de um ano por autorização das  Finanças para a contratação de substitutos. 

Manuel António Silva, administrador deste IPO, disse aos jornalistas  que os pedidos são feitos com "alguma insistência" ao Ministério da Saúde  e revelou que só muito recentemente obtiveram autorização para a contratação  de algum pessoal, ainda assim inferior ao necessário. 

O administrador garante que esta carência de pessoal não aumenta as  listas de espera nem o tempo de espera, mas sublinha que tal só tem sido  possível porque os funcionários estão a assegurar o trabalho dos que saíram,  o que, reconheceu, pode ter contribuído para o adiamento da resolução da  situação.

Com Lusa

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