Opinião

A (E)Moção de Censura

Leia aqui o artigo de opinião de Pedro Cruz.

Pedro Cruz

Desde 1974, contando com esta do CDS, 31 moções de censura entraram no parlamento.

Duas nunca foram votadas porque os Governos se demitiram.

Uma foi retirada.

Ficámos, portanto, com 28.

Destas, apenas uma levou à queda de um executivo: foi posta pelo defunto PRD ao primeiro governo de Cavaco Silva.

A história diz-nos que o PRD acabou nesse dia e que Cavaco teve duas maiorias absolutas a seguir.

Cristas não traz nada de novo.

O pacto da geringonça obriga a votar contra uma Moção de Censura ao Governo.

O CDS sabe que a moção já está chumbada por antecipação, mas Cristas quer «clarificar».

Sendo já clara a resposta da esquerda, Cristas apenas pode querer clarificar a posição do PSD.

Estamos perante um instrumento parlamentar «instrumentalizado» ao longo de mais de 40 anos pelos partidos como forma de fazer oposição ou, apenas, forma de marcar posição.

Quase ninguém está fora de crítica. O PCP é o campeão das moções de censura (10 apresentadas, uma retirada), seguem-se CDS, e BE.

Até o PS já leva cinco.

Salva-se o PSD, o único que parece levar a sério o instrumento parlamentar.

Em 45 anos de democracia, apresentou apenas uma.

Mas, desta vez, a moção de censura, sendo ao Governo, é ao PSD.

Cristas só quer clarificar a direita.

E o que vai fazer o PSD?

Para variar, ainda não reagiu.

Mas Rio foi, politicamente, encostado às cordas.

Ou vota a favor e vai a reboque de Cristas;

Ou se abstem e tem de explicar porque não censura o governo que critica.

Ou vota contra e fica colado às esquerdas.

Pior que a (e)moção da censura é a posição do PSD.

E, claro, o facto de as moções de censura serem, apenas, um instrumento que está vazio, de tão gasto sem nehum resultado.

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