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"Espartanos": uma história real sobre reabilitação de presos através do râguebi

Ajudar na reabilitação dos presos através do desporto foi o objetivo do argentino Eduardo Oderigo, advogado e ex-jogador de râguebi. Foi uma jornada difícil, com excelentes resultados, agora contada na série da Disney+ "Espartanos, uma história real".

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

Eduardo “Coco” Oderigo desenvolveu em Buenos Aires, na Argentina, um projeto que pretendia contribuir para a reabilitação dos detidos e posterior reintegração na sociedade. O principal objetivo era que permanecessem fora da prisão depois de libertados. Para isso combinou duas das suas grandes paixões: o râguebi e o direito penal.

O plano enfrentou desafios, incluindo convencer céticos diretores de prisões a deixarem criminosos disputarem um jogo de contato físico, mas funcionou.

Os que jogaram nestas equipas registaram uma taxa de reincidência de 5%, muito abaixo da média do sistema prisional argentino, que se situa nos 65%. Assim, muito menos voltaram para a prisão.

"Na realidade, a taxa de reincidência desceu para 5% e também há um número incontável de pessoas que não se tornam vítimas quando essas pessoas são libertadas e é aí que os números começam a crescer.

Uma pessoa que roubava pelo menos três vezes por dia, num ano são mil (roubos), mas se forem cem (pessoas libertadas da prisão), isso significa cem mil crimes a menos e isso em vários anos pode traduzir-se num milhão de pessoas que não foram afetadas por todos eles", explica Eduardo Oderigo em entrevista à agência Reuters.

A aventura real deste advogado especializado em direito penal, que já trabalhava para o sistema judicial argentino há vários anos, transformou-se em "Espartanos, uma história real", série da Disney+ que foi buscar o título ao nome da primeira equipa prisional que Oderigo fundou, os Espartanos.

"All Blacks" fizeram na prisão o tradicional haka

A primeira partida aconteceu há 16 anos, na Unidade Penal número 48 de San Martín, nos arredores de Buenos Aires. Atualmente, o râguebi é praticado em 44 prisões na Argentina.

Oderigo, que também criou uma equipa feminina de râguebi nas prisões e mais tarde a Fundação Espartanos, confirmou que a agressão controlada e o foco na equipa de râguebi ajudaram a reduzir os níveis de violência nas prisões após os jogos. A mesma estratégia também ajudou os presos a reintegrarem-se posteriormente na sociedade.

Os Espartanos receberam visitas das seleções de râguebi de Inglaterra e da Nova Zelândia, que queriam conhecer o projeto. Os "All Blacks" fizeram até na prisão o tradicional haka, dança que executam antes de cada jogo.

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