Volodimir Zelensky anunciou que vai interromper a visita à África do Sul para regressar à Ucrânia, depois dos ataques russos que fizeram pelo menos nove mortos em Kiev. O cessar-fogo parece estar cada vez mais longe. O secretário de Estado norte-americano e os ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, de França e da Alemanha cancelaram, esta quarta-feira, as negociações em Londres sobre a guerra na Ucrânia. Os jornais britânicos e norte-americanos dizem que o Presidente dos EUA está disponível para reconhecer a anexação russa da Crimeia e o congelamento da linha da frente na Ucrânia, numa altura em que a governação de Donald Trump está quase a assinalar 100 dias, em análise na SIC Notícias com João Maria Jonet.
Trump afirmou publicamente que seria capaz de acabar com a guerra na Ucrânia em apenas 24 horas se fosse reeleito Presidente dos EUA, fez essa declaração em várias ocasiões durante a campanha eleitoral e não cumpriu. Contudo, garantiu o perdão aos invasores do Capitólio logo nas primeiras horas de governação, tal como tinha prometido.
"Este destaque para mim é importante porque é uma coisa feita logo no primeiro dia e tão escandalosa que já desapareceu completamente da memória coletiva, em parte porque os escândalos têm sucedido com muita rapidez e é difícil nós lembrarmos de uma coisa que aconteceu a dia 20 de janeiro, há apenas três meses.
De facto, este precedente de indultar pessoas que cometeram crimes, que agrediram polícias, que contribuíram para a morte de polícias, e depois fazer a campanha, como a administração tem feito, de falta de acesso a tribunais a qualquer pessoa que esteja a ser deportada neste momento, diz tudo sobre a falta de respeito pela lei e pelo Estado de Direito que esta administração tem tido.
E isto é um bocadinho um aviso para tudo o que vem a seguir, porque muita gente passou os últimos dois ou três anos a dizer ou até os últimos oito anos, a dizer que Donald Trump diz muita coisa, mas depois não a faz, que não podemos levá-lo muito a sério, que ele não vai mesmo fazer as coisas mais loucas que propõe, mas ele muitas vezes faz. E portanto vale a pena ouvi-lo às vezes", considera o comentador da SIC.
No que diz respeito às guerras e ao papel da Administração Trump, nomeadamente na Ucrânia. Será que o cessar-fogo poderá mesmo acontecer e Donald Trump vai efetivamente ajudar que avance ou vai cair por terra?
"Se a ideia de cessar-fogo é basicamente uma rendição da Ucrânia à Rússia, Donald Trump está a ajudar imenso, porque está a exagerar a fraqueza estratégica da Ucrânia, está consistentemente a minar a posição diplomática da Ucrânia e está consistentemente a tentar garantir que só a Ucrânia é que sai mal vista de situações de interação com os Estados Unidos", responde João Maria Jonet.