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Vítimas de cancro acusam Johnson & Johnson de fraude para evitar pagar indemnizações

Em causa estão os processos judiciais associados ao pó de talco para bebés cuja composição continha amianto, que se arrastam há anos.

Lucas Jackson/Reuters

Carolina Rico

Um grupo de vítimas de cancro está a processar a Johnson & Johnson, acusando a empresa de cometer fraude para evitar pagar milhares de indemnizações associadas ao pó de talco suspeito de causar cancro.

Segundo a agência Reuters, cinco queixosos, que pretendem representar mais de 50.000 pessoas, apresentaram a proposta de ação coletiva no tribunal federal de Nova Jérsia, nos Estados Unidos.

Alegam que a Johnson & Johnsonestá a usar empresas de fachada para alegar falência e assim “dificultar, atrasar e defraudar” os processos judiciais em curso.

“A Johnson & Johnson está a jogar um jogo de xadrez sombrio com os sistemas financeiro e judicial deste país”, acusa o advogado que representa as vítimas, Mike Papantonio.

A empresa terá usado uma manobra empresarial conhecida por “Texas two-step” para colocar os passivos associados ao pó de talco numa nova subsidiária, que declarou falência em 2021.

Os tribunais deram como provado que a Johnson & Johnson e sua subsidiária não estavam em dificuldades financeiras - e portanto não eram elegíveis para declarar falência - mas no início deste mês a empresa anunciou que planeia avançar para uma terceira declaração de falência.

Em 2021, depois de anos de litígio, a farmacêutica foi condenada a pagar milhões de dólares em indemnizações, sobretudo a mulheres vítimas de cancro nos ovários, mas também pessoas com mesotelioma, um tipo de cancro mortal associado a exposição a amianto.

Um tribunal de recurso do estado norte-americano de Missouri concluiu que a Johnson & Johnson tinha "vendido conscientemente produtos contendo amianto aos consumidores", causando "graves problemas físicos, mentais e emocionais".

A venda do pó de talco para bebés da Johnson & Johnson foi suspensa em todo o mundo em 2023, dois anos depois de já estar proibida nos Estados Unidos e Canadá.

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