Ao longo de 2024 mais de 60 países vão a votos. Em jogo, nalguns casos, está a própria democracia que consubstancia o ato eleitoral. Agravados pela conjuntura de incerteza, os riscos estão diagnosticados. Desinformação, manipulação, desconfiança nas instituições, aceitação crescente de narrativas populistas.
Eleições na Rússia
Eleito pela primeira vez há 24 anos, Vladimir Putin, quer manter-se aos comandos da Rússia, pelo menos, por mais seis anos. Em 2020, alterou a constituição para se perpetuar no poder.
Aos 71 anos, o antigo chefe do serviço de espionagem, não poupa meios para silenciar a cobertura crítica da comunicação social, erradicar a dissidência, incluindo contra a guerra, e abafar qualquer oposição política.
Na Ucrânia, a Rússia promoveu eleições regionais fraudulentas em áreas ocupadas, mas a invasão russa não permite que os ucranianos se expressem pelo voto.
O mandato do Presidente Volodymyr Zelensky termina a 31 de março, e enquanto estiver em vigor a lei marcial por estar em curso uma guerra, os eleitores não serão chamados às urnas.
Eleições na Índia
Entre abril e maio, a nação mais populosa do mundo realiza eleições gerais. Mais de 945 milhões de indianos são chamados às urnas numa eleição em que o primeiro-ministro Narendra Modi tenta o terceiro mandato. Apesar de ser acusado de limitar as liberdades civis e fomentar
hostilidades contra os muçulmanos do país, Modi é desde logo o grande favorito.
Eleições europeias
As eleições para o Parlamento Europeu vão ser um teste à democracia, nesta e noutras frentes. O potencial crescimento de partidos populistas e o avanço do euroceticismo podem moldar o futuro. A agência France-Press chama-lhe a maior sondagem transnacional do mundo, com mais de 400 milhões de eleitores a irem a votos.
Eleições americanas
Em novembro, tem lugar nos Estados Unidos um dos duelos mais aguardados, que deverá opôr Joe Biden e Donald Trump, uma reedição das presidenciais de 2020, mas recheada de incertezas pela idade dos candidatos, pela taxa de rejeição do atual presidente, pela atração pelo abismo dos eleitores.
Estes fatores aumentam os riscos de uma inversão em matéria de direitos adquiridos, de retrocesso civilizacional e com efeitos geopolíticos imprevisíveis.