No dia em que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos voltou a pedir, em Israel, que se faça mais para "proteger os civis palestinianos", Israel terá atacado o maior hospital da Faixa de Gaza. É um sinal de que Netanyahu não vai escutar tudo o que pedem os EUA e que não há grandes limites até a libertação dos reféns.
Ricardo Costa, diretor de informação da SIC, analisa as pretensões de Israel neste conflito e fala sobre os objetivos de Antony Blinker, chefe da diplomacia dos EUA.
“A viagem de Blinker tem três frentes. Uma das conseguidas é apoiar Israel, a segunda é tentar que o conflito não ganhe uma escala regional, o que os EUA de certa forma estão a conseguir, quer por terem uma capacidade militar na região e também por terem mantido as vias diplomáticas abertas para outros países. O terceiro ponto é o mais complicado: o da pausa humanitária ou de um cessar fogo. Acho que as coisas não correram bem e não vão correr".
O jornalista da SIC considera-se “cético” quanto ao tema por uma “razão muito simples”.
“Nesta guerra já se viu que não há superioridade moral nenhuma e também já se percebeu que Israel não está preparado com este tema. Não é uma prioridade. (…) É olhar para o ataque ao 'comboio de ambulâncias'. Ainda não há fontes independentes, mas de qualquer forma o ataque ter acontecido com Blinken em Israel quer dizer que o país não está muito preocupado".
Até onde vai Israel?
O Hamas surpreendeu Israel no ataque do dia 7 de outubro e, desde então, já se passaram 28 dias de um conflito sem fim no horizonte. O grupo islâmico ainda mantém mais de 200 reféns. E Israel vai “até ao limite” para recuperá-los. Mas não só.
“Israel está disposto a tudo para resgatar os seus reféns e decapitar a estrutura militar do Hamas. Não vai parar enquanto o tema dos reféns não se resolva. Para a sociedade israelita o tema tem um peso brutal do ponto de vista político. É muito complicado historicamente”, afirma Ricardo Costa, que fala ainda sobre o outro objetivo de Israel: “a eliminação física da estrutura militar e política do Hamas”.
“Acho que vai passar a frente de tudo, custe o que custar, seja o que for arrasado a volta. É o que se está a verificar”.