Mundo

Limpeza na foz do rio Vallone põe a descoberto (por acaso) achado histórico

Uma construção em pedra descoberta na região da Sicília pode pertencer a um dos portos da antiga colónia grega de Selinunte, uma das mais prósperas no Mediterrâneo há milhares de anos.

SIC Notícias

"É uma nova descoberta que confirma a Sicília como um depósito inesgotável que ajuda a reconstruir uma história antiga e gloriosa, resultado de incessantes intercâmbios culturais e económicos", salientou o presidente siciliano, Renato Schifani.

Selinunte, no extremo oeste da ilha, perto da atual cidade de Castelveltrano, foi fundada em meados do século VII a.C. por colonos gregos da vizinha Megara Hyblea, na procura por novas rotas comerciais na área do Mediterrâneo ocidental.

Nos dois séculos seguintes cresceu em importância comercial e política, tendo mesmo uma 'sub-colónia', Eraclea Minoa, mas acabaria por ser destruída no século III a.C., durante as guerras entre Roma e os cartagineses.

No entanto, ainda se conservam alguns vestígios dessa época, como os templos de ordem dórica, alguns em bom estado, assim como santuários e uma necrópole.

Uma descoberta feita “por acaso”

Esta última descoberta, realizada "por acaso", é uma construção de 15 metros de comprimento e 1,80 metros de altura feita de blocos de pedra "a uma distância muito curta do que deve ter sido um cais ligado ao mar siciliano".

Os achados, de acordo com o comunicado das autoridades italianas, "podem fazer parte de um dos dois portos da ex-colónia de Megara Iblea, espaçosos e imponentes como exige uma das cidades mais importantes do Mediterrâneo, um centro de tráfego comercial".

Por sua vez, o responsável pela Cultura e Identidade Siciliana, Francesco Paolo Scarpinato, confirmou de forma mais enfática que se trata do "extraordinário Selinunte e do antigo porto".

Investigação vai continuar

"Continuamos convictos de que é preciso apoiar novas missões de escavação e Selinunte será uma prioridade. O nosso compromisso é trazê-lo à luz em toda a sua complexidade e de forma completa", garantiu.

A descoberta foi feita durante os trabalhos de limpeza na foz do rio Vallone, quando um canto do prédio apareceu sob a areia.

A arqueóloga Linda Adorno suspeitou imediatamente da importância desta estrutura e procedeu à sua escavação e limpeza, o que lhe permitiu uma primeira investigação, embora seja necessária outra "mais profunda" para confirmar, com certeza, a sua utilidade no passado.

Os especialistas assinalam que a sua posição indica "uma ligação com o tráfego naval do porto oriental" e que "sem dúvida fazia parte do traçado urbano da cidade grega", uma vez que está perfeitamente alinhada com o resto da sua antiga malha viária.

Últimas