O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou fortemente os confrontos entre os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) e as Forças Armadas no Sudão e pediu o fim imediato das hostilidades. O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Segurança, Josep Borrell, também condenou a violência.
Guterres condena confrontos
"O secretário-geral pede aos líderes das RSF [na sigla em inglês] e das Forças Armadas sudanesas que cessem imediatamente as hostilidades, restabeleçam a calma e iniciem um diálogo para resolver a crise atual", disse o porta-voz do secretário-geral em comunicado.
Guterres também enfatizou que qualquer "nova escalada nos combates terá um impacto devastador sobre os civis e agravará ainda mais a já precária situação humanitária no país".
"O secretário-geral colabora com os líderes da região e reafirma o compromisso das Nações Unidas de apoiar o povo do Sudão nos seus esforços para restaurar uma transição democrática e realizar as suas aspirações de construir um futuro pacífico e seguro", detalha o texto.
UE pede “diminuição imediata do conflito”
O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Segurança, Josep Borrell, condenou a violência ocorrida no Sudão entre o Exército e grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido e pediu uma "diminuição imediata do conflito".
"A UE exorta todas as partes a mostrar liderança e trabalhar para uma cessação imediata das hostilidades. Neste momento crítico, deve ser dada prioridade a silenciar as armas, aliviar a situação e resolver as diferenças através do diálogo", disse Borrell em comunicado.
O chefe da diplomacia europeia sublinhou que nos últimos meses tanto as Forças Armadas como as RSF (sigla em inglês das Forças de Apoio Rápido) têm feito "enormes esforços" para recolocar o país no caminho da democracia ao chegarem a um acordo-quadro que abre caminho a um Governo liderado por civis, e considerou que os acontecimentos de hoje "põem em perigo esses importantes avanços".
Violência no Sudão
Este sábado houve confrontos entre as Forças Armadas sudanesas e o grupo paramilitar, que acusou o Exército sudanês de lançar uma ação contra uma das suas bases em Cartum, enquanto as Forças Armadas garantiram que a realizaram em resposta a um ataque que as RSF já tinham realizado anteriormente naquela cidade.
Os combates em Cartum e outras cidades do país degeneraram numa das piores escaladas de violência dos últimos anos, que deixou pelo menos três civis mortos e dezenas de feridos, de acordo com o Sindicato dos Médicos do Sudão.
Os confrontos surgem dois dias depois de o Exército ter alertado que o país atravessa uma "situação perigosa" que pode conduzir a um conflito armado, na sequência da mobilização de unidades das RSF na capital sudanesa e noutras cidades sem o consentimento ou coordenação das Forças Armadas.
Essa mobilização ocorreu durante as negociações para chegar a um acordo político definitivo que pusesse fim ao golpe de 2021 e conduzisse o Sudão a uma transição democrática, pacto cuja assinatura foi adiada duas vezes neste mês justamente por causa das tensões e rivalidades entre os Exército e as RSF.