O Presidente do EUA, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, terminaram esta segunda-feira, após três horas de conversações, a sua primeira reunião na qualidade de chefes de Estado, prévia à cimeira do G20 que decorre em Bali.
A China opõe-se à utilização de armas nucleares na Ucrânia e concorda com a posição dos Estados Unidos (EUA) de que uma guerra nuclear nunca deve ser travada. Esta é uma das principais conclusões do encontro entre o presidente da China e o presidente dos EUA.
O Presidente norte-americano criticou, porém, as "ações coercitivas e cada vez mais agressivas" da China em relação a Taiwan e levantou preocupações de direitos humanos sobre a conduta de Pequim em Xinjiang, Tibete, e Hong Kong.
A reunião na ilha da Indonésia decorreu um dia antes do início da cimeira do G20 e ainda era desconhecido o conteúdo do encontro, apesar de Biden ter anunciado uma conferência de imprensa para as 21:30 horas locais (13:30 em Lisboa).
No início da reunião, com a presença dos media, os dois líderes reafirmaram a vontade de trabalhar juntos e diminuir as recentes tensões que colocaram as relações bilaterais num dos seus pontos mais baixos.
Biden exortou Xi a procurar formas de "gerir as diferenças" para evitar que a competição entre as duas potências degenere num conflito, e manifestou disponibilidade para colaborar em "assuntos globais urgentes", incluindo alterações climáticas e insegurança alimentar.
Por sua vez, Xi manifestou a intenção de manter um "diálogo franco e profundo" com Biden sobre os temas de importância estratégica nas relações bilaterais, a nível regional e global.
Ao contrário de Biden, o Presidente da China não falou depois do encontro. No decorrer da reunião, Xi Jinping concordou que é preciso melhorar as relações diplomáticas e trabalhar em conjunto com os Estados Unidos para responder aos desafios globais. Disse ainda estar “ansioso” para trabalhar com o homólogo.
O encontro decorreu num momento de tensão, agravado pelas divergências entre Washington e Pequim sobre a guerra na Ucrânia, ou mais recentemente sobre a crise no estreito de Taiwan.
As restrições impostas por Washington à exportação de equipamentos de produção de semicondutores para a China também acrescentaram às tensões bilaterais.
O primeiro encontro
Este foi o primeiro encontro presencial entre Biden e Xi desde a chegada do norte-americano à Casa Branca, em janeiro de 2021.
Os dois líderes tinham estado juntos pela última vez em janeiro de 2017, no decurso do Fórum Económico Mundial de Davos, quando Biden ocupava o cargo de vice-presidente durante o mandato de Barack Obama (2009-2017).
O encontro de hoje ficou assinalado por um incidente, quando um funcionário chinês agarrou pela mochila e empurrou uma jornalista norte-americana quando esta perguntava aos gritos ao Presidente dos EUA sobre a situação dos direitos humanos na China.
O incidente ocorreu quando os 'media' eram retirados da sala onde os dois líderes acabavam de emitir as suas primeiras declarações antes do início do encontro.
Governo de Taiwan reage à reunião entre Biden e Xi
O Governo de Taiwan reagiu ao encontro entre Joe Biden e Xi Jinping, reafirmando que a soberania do território não vai ser comprometida.
O gabinete do Presidente afirma que manter a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan é uma responsabilidade comum de Taiwan e da China e que não é opção os dois países encontrarem-se no campo de batalha.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan agradeceu ainda ao Presidente dos Estado Unidos o apoio e diz que vão continuar a aprofundar cooperação com os EUA em matéria de segurança.