Boris Johnson confirmou esta quinta-feira que vai demitir-se da liderança do Partido Conservador e que vai continuar no cargo de primeiro-ministro até ser eleito um novo sucessor, nas eleições de outubro.
"Concordo que o partido precisa de uma nova liderança", disse numa declaração ao país. "Precisamos de um novo líder no partido e de um novo primeiro-ministro."
O ainda chefe de Governo britânico disse que lutou nos últimos dias para ficar no cargo porque considerou que tinha o dever de continuar o mandato.
O líder conservador, de 48 anos, adiantou ter concordado que o "processo de escolha de um novo líder [dos conservadores] deve começar hoje [quinta-feira]".
Boris Johnson já nomeou um novo gabinete, que estará em funções enquanto permanecer como primeiro-ministro interino. Deverá ficar no cargo até às eleições em outubro.
No entanto, a permanência como primeiro-ministro interino não agrada a todos e críticos defendem a saída imediata de Johnson.
Mais de 50 membros do Governo despediram-se
A demissão acontece após mais de 50 demissões no Governo, que terão sido causadas pelos vários escândalos relacionados com as festas em Downing Street durante os confinamentos e a recente nomeação de um colaborador acusado de assédio sexual.
O novo líder do Partido Conservador será eleito no verão e, em outubro, será eleito um novo primeiro-ministro.
De acordo com a Sky News, Johnson falou com Sir Graham Brady, chairman do grupo parlamentar dos Conservadores, para o informar sobre a decisão.
Já falou também com a rainha Isabel II, como "cortesia", avança a ITV.
O correspondente da SIC em Londres, Emanuel Nunes, fala numa "situação completamente surreal" na politica britânica. Explica ainda quais serão agora os próximos passos.
A demissão acontece numa altura em que está instalada uma crise no Governo britânico, com cerca de 50 demissões nos últimos dias. Dezenas de membros do Governo apelaram à demissão do primeiro-ministro.
A mais recente demissão foi apresentada esta quinta-de de manhã pela ministra da Educação, que tinha sido nomeada há cerca de 36 horas. Também eleito no mesmo dia, o novo ministro das Finanças, Nadhim Zahawi, apelou a Boris Johnson para "se demitir".
"Primeiro-ministro, no fundo sabe que é a melhor coisa a fazer: demita-se agora", disse Zahawi.
Oposição fala em "boas notícias"
Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, já reagiu à notícia avançada pela imprensa britânica, dizendo que a eventual demissão é "uma boa notícia para o país" e que "já deveria ter ocorrido há muito tempo".
"Não precisamos de mudar a liderança dos Tory - precisamos de uma mudança completa de Governo", disse o líder da oposição. "Precisamos de uma novo começo para o Reino Unido."