O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, nomeou esta terça-feira o ministro da Educação, Nadhim Zahawi, para o cargo de ministro das Finanças, em substituição do demissionário Rishi Sunak. O também demissionário ministro da Saúde, Sajid Javid, foi substituído por Steve Barclay, até agora responsável pela coordenação do governo.
Zahawi, de 55 anos, cofundou o instituto de sondagens YouGov e começou a sua carreira política em círculos conservadores em Londres, antes de se tornar deputado em 2010.
Javid e Sunak demitiram-se esta terça-feira alegando perda de confiança no primeiro-ministro Boris Johnson.
O ministro da Saúde, Sajid Javid, divulgou no Twitter a carta de resignação que endereçou ao primeiro-ministro, onde afirma não poder continuar “de consciência tranquila”.
“Primeiro-ministro (…) é com grande pesar que devo informá-lo que não posso continuar, de consciência tranquila, a servir este Governo. (…) O povo britânico também espera, com razão, integridade de seu Governo”, escreveu.
“O tom que o define como líder e os valores que representa refletem-se nos seus colegas, no partido e, por fim, no país”.
Sajid Javid escreve ainda, na mesma carta, que Boris Johnson perdeu a sua confiança, em alusão à moção de confiança votada no mês passado.
“A moção de confiança no mês passado mostrou que um grande número de colegas concorda. Foi um momento de humildade, garra e nova direção. Lamento dizer, no entanto, que é claro para mim que esta situação não mudará sob a sua liderança – e, portanto, também perdeu minha confiança.”
Rishi Sunak, que ocupa a pasta das Finanças, lembrou que “o público espera que o Governo seja conduzido de forma adequada, competente e séria”. Por essa razão, e reconhecendo que este pode ser o seu “último cargo ministerial”, diz acreditar que “vale a pena lutar por esses padrões e é por isso que me demito”.
Estas decisões podem ser o início de uma crise política no Reino Unido. Recorde-se que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, é alvo de fortes críticas internas do próprio partido.
No mês passado, numa votação secreta realizada no edifício do Parlamento em Londres, 211 deputados (59%) do Partido responderam sim à questão: “Ainda tem confiança em Boris Johnson como líder?”, enquanto 148 (41%) responderam que não.
BORIS JOHNSON ENVOLTO EM POLÉMICAS
A renúncia dos dois ministros aconteceu poucos minutos depois de Boris Johnson ter admitido que não deveria ter nomeado o deputado Chris Pincher responsável pela disciplina parlamentar do Partido Conservador em fevereiro, depois de terem surgido alegações de comportamento impróprio.
É a mais recente polémica a envolver o primeiro-ministro britânico. Desta vez é acusado de não esclarecer a nomeação do deputado para um cargo sénior apesar das alegações de má conduta sexual. Esta terça-feira, Boris Johnson assumiu que Pincher deveria ter sido afastado do Governo após um primeiro incidente em 2019.
“Penso que foi um engano e peço desculpa. Em retrospetiva, tomei a decisão errada”, afirmou, cita a Associated Press.