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Líderes das instituições da UE alertam para escalada do antissemitismo

Ursula von der Leyen sublinha a necessidade de um trabalho conjunto para combater discursos de ódio e teorias da conspiração, que “contaminam as redes sociais”.

Os presidentes das três principais instituições europeias alertaram para o que classificam como “uma escalada do antissemitismo” na Europa e a necessidade de o combater ativamente, por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Conselho Europeu, Charles Michel, e do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, sublinham a necessidade de um trabalho conjunto de combate aos discursos de ódio e teorias da conspiração, que “contaminam as redes sociais”, pois “recordar não é suficiente”.

Apontando que “o antissemitismo desumaniza” a população judia e lembrando que, “na Alemanha nazi, essa desumanização abriu as portas ao holocausto”, Von der Leyen disse que, “depois da guerra, a Europa reconstruiu-se sobre a promessa de paz” e de “pôr fim ao ódio e à ignorância”. Contudo, constatou que, atualmente, “o antissemitismo está de novo em ascensão” e “ameaça as comunidades judias na Europa”.

“Foi por isso que apresentei a primeira estratégia da Comissão sobre o combate ao antissemitismo e a promoção da vida judaica na Europa. Porque a vida judaica é parte integrante da história da Europa e do futuro da Europa”, declarou a dirigente alemã, numa mensagem gravada para um evento organizado pelo Congresso Judaico Europeu

Por seu lado, Charles Michel afirmou esta quinta-feira que “as lições do Holocausto são atualmente mais relevantes do que nunca”, lamentando que, cerca de 80 anos depois, os judeus sejam de novo alvo de “ameaças e mesmo de ataques, pelo simples facto de serem judeus”.

“Hoje, a democracia tem os seus inimigos e assemelham-se aos inimigos de há 80 anos”, disse o responsável belga, defendendo a necessidade de “agir”, porque “recordar não é suficiente”.

Já a recém-eleita presidente do Parlamento Europeu lamenta que se assista, ao longo dos últimos anos, a “uma escalada do antissemitismo, conspirações antissemitas, desinformação e violência contra comunidades judaicas”.

Tal leva a que o medo persista hoje, pois as ameaças continuam”, considerou Metsola, assumindo que este é “um fracasso coletivo” da Europa.

“A nossa geração tem a responsabilidade de ensinar as lições de história e de lutar contra qualquer ressurgimento do antissemitismo. O momento em que deixamos de falar sobre o Holocausto é o momento em que permitimos que a recordação do horror se desvaneça. Nós recordamos”, declarou.

Também o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, comentou esta quinta-feira que “com a difusão da desinformação e com muitos líderes mundiais a fazerem das minorias bodes expiatórios, a educação das gerações mais jovens sobre o Holocausto é o melhor antídoto e o melhor instrumento para combater a intolerância, o fanatismo e assegurar que a mensagem de “Nunca Mais” reverbera através das gerações futuras.

“Agora e nos próximos anos, continuamos mais fortes do que nunca no nosso compromisso de nunca esquecer. Temos o dever de preservar a memória de todas as vítimas e do seu sofrimento. Devemos isso àqueles que pereceram no Holocausto, devemos isso aos sobreviventes, e devemos isso às nossas gerações futuras”, complementou.

O Parlamento Europeu realiza uma cerimónia especial em Bruxelas para assinalar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala anualmente a 27 de janeiro, data da libertação do campo de concentração de Auschwitz, na Polónia, em 1945.

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