As forças de segurança do Sudão prenderam esta quarta-feira três importantes figuras pró-democracia no país, num momento em que a pressão internacional sobre os militares cresce devido ao golpe de Estado de segunda-feira.
As detenções realizadas esta noite na capital do país, Cartum, ocorreram algumas horas depois de os militares terem permitido que o primeiro-ministro deposto, Abdalla Hamdok, e a sua esposa regressassem a casa, após terem sido detidos.
Abdalla Hamdok, um antigo economista da ONU, foi detido juntamente com muitos responsáveis do Governo e figuras políticas quando os militares tomaram o poder na segunda-feira.
Os ativistas presos durante a noite são Ismail al-Taj, um líder da Associação de Profissionais Sudaneses, o grupo que esteve na vanguarda dos protestos que conduziram à queda de al-Bashir; Sediq al-Sadiq al-Mahdi, um dos líderes do maior partido político do Sudão e o irmão do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mariam al-Mahdi; e Khalid al-Silaik, um antigo conselheiro mediático do primeiro-ministro.
Segundo a mulher de Al-Silaik, Marwa Kamel, também foram levados os ativistas Nazim Siraj e Nazik Awad.
Marwa Kamel disse que al-Silaik foi detido momentos depois de ter dado uma entrevista à televisão Al-Jazeera, sediada no Qatar, criticou a tomada do poder pelos militares, e considerou Hamdok e o seu Governo a administração legítima do Sudão.
"O que o General Burhan fez foi um golpe de Estado completo ... As pessoas vão responder a isto nos próximos dias", afirmou al-Silaik.
Os três ativistas detidos têm sido críticos constantes da tomada do poder pelos militares.
A tomada do poder pelas forças armadas ameaça travar a transição para a democracia no Sudão, que se iniciou após a expulsão, em 2019, do governante de longa data Omar al-Bashir e do seu Governo islâmico, na sequência de uma revolta popular.
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