A Amnistia Internacional considerou hoje que ainda há muitas perguntas por responder sobre o assassínio da ativista brasileira Marielle Franco e que as investigações devem continuar até que os autores e os mandantes sejam levados à justiça.
"Hoje, foram realizadas duas prisões de pessoas suspeitas de terem participado no assassínio de Marielle Franco. Essas pessoas devem ser levadas à justiça para que, num julgamento que respeite o devido processo, a eventual responsabilidade criminal seja determinada", frisou a organização de defesa dos direitos humanos.
"A Amnistia Internacional reitera a necessidade de, como já foi feito em outros países, um grupo externo e independente de especialistas para acompanhar as investigações e o processo (...) ainda há muitas perguntas não respondidas e que as investigações devem continuar até que os autores e os mandantes do assassínio sejam levados à Justiça", acrescentou.
O Ministério Público do estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Civil anunciaram hoje a detenção de Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, suspeitos dos homicídios de Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes.
Ambos foram assassinados no dia 14 de março de 2018 quando a vereadora e ativista saía de um evento político em defesa dos direitos das mulheres.
As detenções dos dois suspeitos ocorreram hoje por volta das 04:00 (07:00 em Lisboa) na Operação Lume, realizada nas residências de ambos.
Segundo um comunicado divulgado pelo MPRJ, as investigações concluíram, através de diversas provas, que Lessa foi o autor dos crimes, tendo efetuado os disparos de arma de fogo, com a participação de Elcio Vieira de Queiroz, que foi o condutor do carro utilizado para a execução do crime.
Ronnie Lessa é um polícia militar reformado e Elcio foi polícia militar até ser expulso da corporação.
Os procuradores brasileiros acrescentaram que o crime foi meticulosamente planeado durante os três meses que antecederam o atentado.
Além das prisões, a operação de hoje cumpriu mandados de busca e apreensão de documentos, telemóveis, computadores, armas, acessórios, munições e outros objetos.
O homicídio de Marielle Franco provocou grande comoção internacional e as autoridades brasileiras, embora tenham detido alguns suspeitos, ainda não esclareceram a motivação do crime, ao fim de um ano.
Lusa