Desde que começou a observar o espaço em julho do ano passado, o projeto do MIT descobriu um trio de exoplanetas e seis supernovas - entre vários outros objetos celestes.
A mais recente descoberta é um exoplaneta chamado HD 21749b que tem um período orbital de apenas 36 dias, em redor de uma estrela anã a cerca de 53 anos-luz de nós, na constelação de Reticulum. Tem uma temperatura de cerca de 1650ºC, o que é relativamente frio considerando a pouca distância que está da sua estrela.
"É o planeta mais fresco que orbita em redor de uma estrela que conhecemos", revela a astrónoma Diana Dragomir citada pelo The Guardian. "É muito difícil encontrar pequenos planetas que orbitam mais longe de suas estrelas e são, por isso, mais frios. Mas tivémos sorte e agora vamos poder estudar este com mais pormenor".
Este exoplaneta é 23 vezes maior que a Terra, o que significa que é mais provável ser gasoso que rochoso, e tem uma atmosfera mais densa que a de Neptuno ou Urano.
Uma "Super Terra" e uma "Terra muito quente"
Lançado em abril de 2018, o telescópio TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite, Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito), descobriu primeiro uma "Super-Terra" e, três dias depois, uma "Terra muito quente" em sistemas solares distantes.
A "Super-Terra", primeiro exoplaneta descoberto pelo TESS, orbita a estrela Pi Mensae, ou HD 39091, a cerca de 59.5 anos-luz da Terra, na constelação Mensa, a mesa. Pi Mensae é uma estrela-anã amarela como o nosso Sol.
A "Terra muito quente" é ligeiramente maior que o nosso planeta e orbita a estrela-anã vermelha LHS 3844, a 49 anos-luz daqui - o que é considerado muito perto. Demora 11 horas a dar a volta à estrela - um ano muito curto o que significa que está demasiado perto para ser habitável.
Missão de dois anos à caça de exoplanetas
O telescópio TESS foi lançado a 18 de abril a bordo do foguetão Falcon 9, da empresa aeroespacial privada SpaceX, da base de Cabo Canaveral, na Florida, nos Estados Unidos.
Poucos meses depois de entrar em órbita, o satélite artificial começou a sua missão, que tem uma duração inicial de dois anos.
Ao contrário do telescópio espacial Kepler, também da NASA, que 'caçou' mais de 2.600 exoplanetas numa determinada zona do céu, a maioria a orbitar estrelas pouco brilhantes, entre 300 e 3.000 anos-luz da Terra, o TESS vai procurar novos planetas fora do Sistema Solar em todo o céu.
No primeiro ano da missão será observado o hemisfério sul e no segundo ano o hemisfério norte, com o telescópio a concentrar-se em planetas que orbitam estrelas próximas da Terra, a menos de 300 anos-luz, e 30 a 100 vezes mais brilhantes do que as estrelas-alvo do Kepler.
Cientista português "a bordo" da missão
Na missão TESS participa o investigador Tiago Campante, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que esteve envolvido no planeamento científico, nomeadamente na seleção de estrelas-alvo a observar.
Com o telescópio em funcionamento, o astrofísico vai estudar em particular a vibração (oscilações no brilho) das estrelas a partir da decomposição da sua luz.
Estas oscilações permitem caracterizar detalhadamente as estrelas, como a sua massa, o diâmetro e a idade, conforme explicou anteriormente à Lusa o cientista, contemplado este ano com uma bolsa europeia Marie Curie no valor de 160 mil euros.
Tiago Campante sublinhou que o telescópio vai fazer "a deteção, o levantamento" de exoplanetas "por todo o céu".
Planetas que possam, inclusive, estar na chamada 'zona habitável' da estrela (planetas nem demasiado perto nem demasiado longe da estrela-mãe e que, por isso, poderão ter à superfície água líquida, elemento essencial para a vida tal como se conhece).
O astrofísico adiantou que a validação dos novos planetas extrassolares detetados será feita em terra com outros telescópios por outros investigadores, incluindo portugueses, do núcleo do Porto do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, especialista neste tipo de planetas.