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Damasco condena "escalada perigosa" das ameaças de ataque de Trump

A Síria condenou hoje a "escalada perigosa" das ameaças de ataque do Presidente norte-americano, Donald Trump, contra o seu território, afirmando que ameaçam a paz e segurança internacionais.

Eduardo Munoz / Reuters

"Não estamos surpreendidos com esta escalada perigosa de um regime como o dos Estados Unidos que patrocinou e ainda está a patrocinar o terrorismo na Síria", disse uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citada pela agência síria Sana.

A mesma fonte afirmou que Washington está a utilizar o alegado ataque químico de sábado passado sobre Douma, perto da capital, para atacar a Síria, e sustentou que as ameaças estão a prejudicar os esforços do Governo de Bashar al-Assad para combater o "terrorismo".

Donald Trump avisou hoje a Rússia, aliada do regime sírio, que mísseis serão lançados na Síria após o alegado ataque químico na cidade síria de Douma, atribuído às forças de Damasco.

"A Rússia prometeu destruir todos e quaisquer mísseis disparados contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles vão começar a chegar, bons, novos e inteligentes!", escreveu Trump na rede social Twitter, depois de o embaixador russo no Líbano, Alexander Zasipkin, ter dito que quaisquer mísseis lançados por Washington contra a Síria serão abatidos pelas forças de Moscovo e que as plataformas de lançamento passarão a ser um alvo.

Na segunda-feira, Trump afirmou que iria responder de forma vigorosa ao alegado ataque químico cometido no sábado contra a cidade rebelde de Douma, na Síria, e prometeu então que a decisão dos Estados Unidos seria conhecida dentro de 24 a 48 horas.

As relações entre os Estados Unidos e a Rússia estão "piores que nunca, incluindo durante a Guerra Fria", disse o chefe de Estado norte-americano. Moscovo advertiu hoje contra quaisquer atos que possam "desestabilizar a situação já frágil da região" e que terão "graves consequências".

Já na terça-feira, os Estados Unidos, apoiados por aliados como França e o Reino Unido, admitiram uma resposta militar para eliminar a ameaça de ataques químicos pelas forças do regime de Bashar al-Assad.

Organizações apoiadas pelos Estados Unidos denunciaram que pelo menos 42 pessoas, entre as quais várias crianças, morreram em Douma, o último bastião rebelde em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, com sintomas associados a um ataque com armas químicas.

A Síria nega qualquer utilização de armas químicas, assim como a Rússia, principal aliado do regime sírio, que afirmou que eventuais ataques ocidentais teriam "graves consequências".

A OPAQ anunciou na terça-feira que vai enviar "em breve" uma equipa de peritos para a Síria para investigar o alegado ataque químico contra Douma.

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas chumbou dois projetos, um dos Estados Unidos e outro da Rússia, para criar um novo mecanismo de investigação sobre o uso de armas químicas na Síria.

Em abril de 2017, Donald Trump ordenou o bombardeamento de uma base militar na Síria em resposta a um ataque com gás sarin, que matou mais de 80 civis.

A ONU e a OPAQ concluíram em outubro passado que este ataque com armas químicas foi realizado pelo regime sírio.

Lusa

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