"A noite na Terra está a ficar mais brilhante. Não estava à espera que tantos países ficassem mais luminosos de forma tão uniforme", disse à agência Reuters o físico Christopher Kyba, do Centro Alemão de Investigação em Geociências (GFZ), autor do estudo publicado na revista Science Advances.
Dados de satélite mostram que a luz artificial exterior aumenta a um ritmo de 2% ao ano, desde 2012, tanto em luminosidade como em área. E este crescimento tem um ritmo mais acelerado nos países em desenvolvimento que nos países mais ricos.
Com a introdução da iluminação LED esperavam-se grandes poupanças - a nível ambiental e económico, já que esta energia é mais barata. Só que exactamente por isso, muitos países acabaram por instalar ainda mais luz.
"O mundo está a ficar sem noite"
"Resultado, o mundo está a ficar sem noite, com metade da Europa e um quarto da América do Norte a ver alterados os padrões do ciclo noite/dia", referem os cientistas no estudo.
Com algumas exceções, o aumento de luminosidade é observado em quase todos os continentes.
Consequências nos homens e nos animais
A poluição luminosa tem consequências no ambiente, ao interferir no ciclo circadiano, refere à Reuters o ecologista alemão Franz Holker do Instituto Leibniz (IGB). O aumento do brilho durante a noite pode interferir nos sonos, avisa o cientista.
"Além de perturbar 30% dos vertebrados que são noturnos e mais de 60% de invertebrados que são noturnos, a luz artificial também afeta plantas e microorganismos", sublinha Holker. "Ameaça a biodiversidade alterando os habítos noturnos, como os padrões de reprodução ou migração, de várias espécies: insetos, anfíbios, peixes, pássaros, morcegos tantos outros animais", explica.
Além de que mais luz durante a noite impede as pessoas de verem as estrelas como o fazem há milénios.