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Amigos de Liu Xiaobo desafiam regime chinês com homenagem ao Nobel da Paz

Um grupo de cerca de 20 amigos do dissidente chinês Liu Xiaobo desafiaram o regime comunista ao organizarem uma homenagem em Pequim, uma semana depois da morte do prémio Nobel da Paz 2010, que se encontrava detido.

Kin Cheung

Uma homenagem privada decorreu esta quarta-feira sob apertada vigilância policial, indicaram hoje participantes, que não revelaram o local. As fotografias enviadas à agência noticiosa France-Presse mostram amigos do Nobel, preso desde 2008 e que morreu na semana passada, inclinados sobre uma fotografia de Xiaobo, rodeada de flores.

Após a sua morte, devido a um cancro no fígado, a 13 de julho num hospital em Shenyang (nordeste da China), qualquer referência a Liu Xiaobo tem sido cuidadosamente evitada pela imprensa chinesa, e alguns dos seus apoiantes foram impedidos de sair de casa para lhe prestar homenagem.

A cerimónia organizada na quarta-feira foi vigiada, do exterior, por vários polícias da segurança do Estado, que impediram algumas pessoas de assistir, relatou um participante. "Xiaobo partiu, mas nós ainda estamos vivos", declarou, na cerimónia, Jin Yan, próximo do dissidente político, citado num comunicado divulgado hoje pelos organizadores.

"Durante a luta pela democracia na Europa Oriental, muitas pessoas foram mortas ou enviadas para hospitais psiquiátricos. (...) Os vivos têm o dever de completar o que os mortos começaram", sublinhou.

As cinzas de Xiaobo foram rapidamente dispersas no mar, dois dias após a sua morte, com alguns apoiantes do antigo Nobel da Paz a acusar as autoridades de pretenderem que não houvesse uma sepultura, para evitar que lhe fossem prestadas homenagens. Apesar de apelos de vários países ocidentais, as autoridades chinesas não autorizaram a viúda, Liu Xia, a sair do país.

Liu, uma poetisa, estava sob prisão domiciliária em Pequim desde a atribuição do Nobel ao seu marido, em 2010, e os seus familiares não conseguem entrar em contacto com ela desde a morte de Liu Xiaobo. A mulher terá sido enviada para a província de Yunnan, mais de 2.000 quilómetros a sudoeste da capital chinesa, segundo o dissidente Ye Du e o Centro de Informação sobre os Direitos Humanos e a Democracia, sedeado em Hong Kong.

Lusa

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