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A felicidade de um pai ao rever a filha que foi sequestrada

Yakubu Nkeke viveu em desespero durante anos por não poder estar com a sua filha, nem por saber como estava. O pai sabia apenas que a jovem estava nas mãos do Boko Haram, o grupo radical islâmico que atua na Nigéria. Agora, três anos depois, Yakubu fala numa "alegria imensa" ao poder voltar a abraçá-la.

Yakubu Nkek
BBC

O sequestro das alunas de Chibok aconteceu há três anos, quando 276 estudantes foram levadas pelo Boko Haram. No sábado passado, 82 jovens Chibok foram libertadas pelo grupo extremista.

Dias mais tarde, Yakubu Nkeke conseguiu finalmente reencontrar a sua filha, numa visita à capital da Nigéria, Abuja. "Quando a vi pela primeira vez, ela saltou para cima de mim e abraçou-me. Agarrei-a e comecei a dançar com ela", disse o pai emocionado, numa entrevista à BBC.

Yakubu Nkeke é o presidente da Associação de Pais de Chibok, localidade de onde as jovens foram levadas em 2014. O sequestro comoveu a comunidade internacional e originou uma campanha global pela libertação das estudantes, envolvendo celebridades e líderes políticos.

Depois do rapto, 57 conseguiram fugir e, em outubro de 2016, com a intervenção da Cruz Vermelha, os terroristas libertaram 21.

De acordo com Yakubu, a população de Chibok passou a noite "a cantar e a rezar a Deus", depois de tomarem conhecimento da última libertação. "Toda a gente em Chibok - não só os pais biológicos - estão muito contentes com a notícia."

Como parte do processo de identificação, fotografias das jovens vão ser mostradas aos pais este domingo. Segundo o Governo nigeriano, aqueles que reconhecerem as suas filhas, serão levados até elas, em Abuja.

Yakubu revelou ao jornal inglês que as meninas sofreram muito durante o período em que estiveram em cativeiro, chegando até a passar alguns dias sem comida. O presidente da associação contou ainda que algumas das jovens casaram-se com militantes do Boko Haram, mas o homem garante que estas não foram forçadas a fazê-lo.

Estima-se que mais de 100 meninas das 276 que foram raptadas ainda estão sob o poder do grupo radical.

As alunas do liceu de Chibok tornaram-se um símbolo de dezenas de milhares de pessoas ainda retidas pelo Boko Haram, que usa os raptos em massa para recrutar extremistas.

O conflito das forças governamentais com os fundamentalistas, particularmente sangrento na zona do lago Chade, já fez mais de 20.000 mortos e 2,6 milhões de deslocados.

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