O vento, que foi observado pela primeira vez num buraco negro, é composto por hidrogénio e hélio ionizados que se formam nas camadas externas do buraco negro e move-se a 3.000 quilómetros por segundo, escapando ao campo gravitacional do V404 Cygni.
A presença do vento pode explicar a razão pela qual a "erupção" do buraco negro foi tão breve, apenas duas semanas, apesar de ser luminosa e muito violenta, acrescentou a IAC num comunicado.
O V404 Cygni entrou em erupção, começando a absorver matéria de uma estrela próxima, em 15 de junho de 2015, após 25 anos de inatividade, e o seu brilho aumentou um milhão de vezes em poucos dias tornando-se na fonte de raios X mais brilhante do céu.
As observações foram realizadas com o instrumento OSIRIS do Grande Telescópio das Canárias (GTC) no Observatório de Roque de los Muchachos, na Ilha de La Palma e publicadas hoje na revista científica Nature.
No final da erupção, as observações do GTC revelaram a presença de uma nebulosa formada por matéria ejetada pelo vento, que permite estimar a quantidade de massa expelida para o espaço interestelar.
O V404 Cygni é um buraco negro com uma massa dez vezes mais importante que a do Sol e devora matéria proveniente de uma estrela muito próxima, num sistema binário da constelação do Cisne, refere o comunicado do IAC.
Durante este processo, a matéria que é absorvida pelo buraco negro forma discos que emitem em raios X nas zonas mais internas e quentes, enquanto nas zonas mais externas, os discos podem ser estudados a partir da luz visível emitida.
O GTC realizou as observações com um telescópio com um diâmetro de 10,4 metros, o maior deste tipo.
O V404 Cygni, situado a 8.000 anos-luz de distância da Terra é um dos buracos negros mais próximos do nosso planeta e o seu disco de matéria agregada de 10 milhões de quilómetros de raio faz com que as erupções sejam extremamente luminosas em todas as faixas espectrais.
Lusa