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Malala diz que ainda não merece Nobel da Paz

A jovem ativista paquistanesa Malala  Yousafzai, nomeada para o Nobel da Paz, diz que ainda não fez o suficiente  para merecer o prémio, precisamente um ano depois de ser alvejada na cabeça  por talibãs. 

A adolescente, de 16 anos, foi vítima de um tiro na cabeça, disparado  por talibãs paquistaneses a 09 de outubro do ano passado por falar contra  aqueles radicais islâmicos. 

Desde então, Malala tornou-se uma embaixadora global do direito à educação  para todas as crianças. 

Admirada por líderes mundiais e celebridades pela sua coragem, a jovem  já discursou perante as Nações Unidas, esta semana publica uma autobiografia,  está entre os finalistas ao Prémio Sakharov, que é anunciado na quinta-feira,  e na sexta-feira sabe se ganhou o Prémio Nobel da Paz. 

Numa entrevista à estação de rádio paquistanesa City89 FM, Malala falou  do seu desejo de fazer mais pela promoção da educação e disse que ainda  não fez o suficiente para merecer o Nobel. 

"Há muitas pessoas que merecem o Prémio Nobel da Paz e eu penso que  ainda preciso de trabalhar muito. Na minha opinião, ainda não fiz assim  tanto para ganhar o Prémio Nobel da Paz", disse. 

Na zona do vale de Swat, no conservador noroeste do Paquistão, onde  muitas vezes se espera que as mulheres fiquem em casa a cozinhar e a cuidar  das crianças, estima-se que apenas metade das raparigas vão à escola, taxa  que subiu de 34% em 2011. 

Depois de ser alvejada, Malala foi levada para o Reino Unido para ser  tratada e hoje frequenta a escola na cidade de Birmingham. 

No primeiro aniversário do ataque, a sua antiga escola, em Mingora,  a principal cidade do Swat, foi encerrada para assinalar a efeméride. 

"Todos os setores da nossa escolha foram fechados hoje para exprimir  solidariedade com Malala no aniversário do ataque de que foi alvo. A escola  reabrirá como é habitual amanhã", disse f AFP uma professora da Escola Pública  Khushhal sob anonimato.  

Malala começou por ser conhecida pelo blogue que escrevia para o serviço  urdu da BBC, no qual contava as dificuldades da vida sob o domínio dos talibãs,  que controlaram o Swat entre 2007 e 2009, quando foram afastados pelo exército.

Apesar de o seu domínio ter terminado, subsistem bolsas de militância,  com ataques frequentes contra escolas, pelo que não foi organizado qualquer  evento para marcar o aniversário do ataque a Malala. 

"Não organizámos nenhuma ação em Swat porque as pessoas temem ser atacadas,  como ela foi", disse o responsável distrital pela educação, Dilshad Bibi,  citado pela AFP. 

Apesar da admiração de que Malala goza no mundo, o seu nome é recebido  com algum ceticismo no Paquistão, onde alguns a acusam de ser uma marioneta  do Ocidente. 

Mas a sua mensagem de esperança e determinação inspira alguns dos jovens  da sua cidade natal. 

"A educação é a nossa vida e Malala levantou a voz por ela, por isso  devemos-lhe muito", disse à AFP Humera Khan, de 12 anos, que também quer  "lutar pela educação quando crescer". 

Lusa

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