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Novas buscas por avião malaio desaparecido há seis meses

Familiares das vítimas chinesas  do voo MH370, desaparecido há seis meses, reuniram-se hoje, partilhando  sentimentos de tristeza e revolta, quando a Austrália e a Malásia preparam  uma nova fase de buscas do aparelho malaio.   

Durante uma cerimónia de oração em Pequim, hoje, trinta familiares enlutados  denunciaram o que consideram ser a indiferença das autoridades chinesas  e os abusos de que dizem ser vítimas.  

Dos 239 passageiros e membros da tripulação do Boeing da Malaysia Airlines,  153 eram chineses.  

"Cada dia é uma tortura, mas hoje sofremos ainda mais", lamentou Zhang,  uma mulher de 55 anos que perdeu a filha no desaparecimento do avião, a  08 de março. As comemorações coincidem com a 'festa das lanternas', um momento  importante da vida familiar para os chineses.  

Segundo testemunhos, parentes de passageiros foram presos e agredidos,  este verão, durante uma manifestação em frente à sede da companhia aérea  malaia, em Pequim.  

"Nós não entendemos. Somos apenas cidadãos comuns", lamentou Dai Shuqin,  de 61 anos, cuja irmã e família viajavam no voo MH370, que acrescentou:  "Alguns querem matar-se, subir a um prédio e saltar". 

Seis meses após o desaparecimento do aparelho, as autoridades continuam  sem qualquer pista sobre a localização do avião.  

Austrália, como país mais próximo da suposta área do acidente, e a Malásia  começam este mês uma nova fase de busca submarina numa área de 60 mil quilómetros  quadrados e situada a uns 18 mil quilómetros a oeste da cidade australiana  de Perth. 

O lugar situa-se mais a sul da zona das buscas realizadas em junho e  julho.  

De acordo com Judith Zielke, diretora interina da unidade responsável  pelas investigações, novas análises às comunicações do avião permitem pensar  que o Boeing 777-200er "virou para sul antes do previsto e viajou mais para  sul do que inicialmente se acreditou". 

Especialistas avisam que o processo é complexo porque já não existem  sinais das caixas negras, cujas baterias se esgotaram há muito tempo, nem  pistas físicas, pelo que há que avaliar milhares de possíveis trajetórias,  além de que esta é uma "zona traiçoeira" do Oceano Índico, comparável aos  Alpes suíços, porque apresenta superfícies submarinas de sedimentos e limo  acumulados durante milhões de anos.  

Ainda se desconhece com certeza o que causou a tragédia, mas acredita-se  que o avião caiu devido a uma "ação deliberada" cerca de 40 minutos depois  de descolar de Kuala Lumpur rumo a Pequim.  

Entre os passageiros, estavam dois cidadãos iranianos que embarcaram  com passaportes roubados na Tailândia -- um italiano e um austríaco.  

As investigações apontam que o avião voou com todas as pessoas a bordo  inconscientes devido à falta de oxigénio até ficar sem combustível e se  precipitar sobre o mar, apesar de inicialmente se ter suspeitado da possibilidade  um ataque terrorista e também de um sequestro com a cumplicidade do piloto.

A companhia malaia, que acumulava problemas financeiros, teve novas  perdas com este acidente e recebeu um golpe mortal em julho, quando perdeu  outro avião, com 298 pessoas a bordo, no leste da Ucrânia, derrubado por  um míssil de forças pró-russas.  

O Governo da Malásia anunciou no final de agosto um plano económico  para resgatar a companhia de bandeira do país. 

Lusa

     

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