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Libertados 511 manifestantes detidos após protesto em Hong Kong

A polícia de Hong Kong já libertou os 511 manifestantes detidos na sequência de um protesto não autorizado no distrito financeiro da antiga colónia britânica, informa hoje a RTHK.

© Bobby Yip / Reuters

Mais de uma centena de pessoas continuavam detidas cerca de 12 horas  depois de terem sido levados da "Chater Road", onde se concentraram e se  recusaram abandonar o local, num protesto que se seguiu à mega manifestação  pró-democracia de terça-feira.  

Vinte e cinco pessoas foram colocadas em liberdade sob fiança, ficando  sujeitas à apresentação periódica às autoridades, enquanto as restantes  foram libertadas após advertências, especifica a RTHK (Rádio e Televisão  Pública de Hong Kong). 

Alguns detidos acusaram a polícia de lhes ter negado o direito de acesso  a um advogado. 

James To, do Partido Democrático, afirmou que nove advogados lhe contaram  que a polícia não lhes deixou ver os seus clientes. 

As autoridades foram chamadas a intervir em Central, distrito financeiro  onde se concentram escritórios, bancos e centros comerciais, para dispersar  os manifestantes da marcha de terça-feira que tinham decidido permanecer  no local até à manhã seguinte. 

O secretário para a Segurança, Lai Tung-kwok, saiu em defesa da atuação  policial, afirmando que as detenções foram necessárias para repor a fluidez  do tráfego e restaurar a lei e ordem. 

Segundo a RTHK, o mesmo responsável indicou que os agentes das forças  de segurança usaram o mínimo de força para dispersar os manifestantes. 

Na passada terça-feira, centenas de milhares de pessoas participaram  na marcha anual de 01 de julho -- data de transferência da soberania de  Hong Kong para a China -- para exigir uma verdadeira democracia e menos  interferência nos assuntos políticos por parte de Pequim. 

De acordo com a Frente Civil para os Direitos Humanos, que organiza  o protesto anual, saíram para a rua mais de meio milhão de pessoas, pelo  que a manifestação é considerada a maior da década em Hong Kong, desde o  protesto de 2003, ano em que 500 mil pessoas protestaram contra a proposta  de lei relativa à defesa da segurança do Estado, a qual acabaria por cair.

Já segundo as estimativas oficiais, a adesão à marcha, que foi vigiada  de perto por cerca de 4.000 polícias, um contingente raro para a antiga  colónia britânica, não foi além de 98.600 pessoas. 

E se, normalmente, entre os vários motes, o apelo à reforma democrática  está sempre presente, na manifestação deste ano ganhou novo impulso. 

É que a marcha teve lugar a seguir à publicação do "livro branco" de  Hong Kong, em que Pequim reafirma o seu controlo e soberania sobre o território,  e ao encerramento da votação para o referendo não oficial de dez dias sobre  a reforma democrática, participado por mais de 780 mil residentes de Hong  Kong, ou seja, quase um quarto dos 3.470.000 eleitores de 2012. 

A imprensa oficial chinesa atacou, por várias vezes, o referendo informal,  considerando-o ilegal, antipatriótico e motivado pela "paranoia política".

Um total de 88% dos que votaram exortou os deputados de Hong Kong a  vetarem quaisquer planos políticos de reforma que não cumpram os "padrões  internacionais". 

O referendo, que pedia aos residentes da antiga colónia britânica para  escolherem um de três métodos de eleição do próximo chefe do Governo, em  2017, foi lançado pelo movimento pró democrata "Occupy Central". 

A implementação do sufrágio universal figura como o grande "cavalo de  batalha" da ala pró-democrata da antiga colónia britânica. 

O chefe do Governo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral  formado por 1.200 membros, representativos dos diversos setores da sociedade,  dominado por elites pró-Pequim. 

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