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OMS diz que Epidemia do Ébola pode ser travada

A grave epidemia do vírus Ébola na África ocidental "pode ser travada", declarou hoje o subdiretor-geral para a Segurança Sanitária da Organização Mundial de Saúde (OMS), Keiji Fukuda. Já morreram infetadas 467 pessoas.

O documento indica a ocorrência de mais 129 mortes do que no anterior  balanço, de há uma semana, o que significa que a epidemia regista um novo  surto, depois de uma acalmia em abril.  (Reuters)
© Stringer . / Reuters

 Fukuda falava perante os ministros de 11 países da região, reunidos  de emergência em Acra, capital do Gana, para encontrar uma resposta para  a crise. 

A epidemia, a mais grave até agora da doença, matou 467 pessoas em 759  casos de febres hemorrágicas registados em três países: a Serra Leoa, a  Guiné-Conacri e a Libéria, de acordo com o último balanço da OMS, publicado  na terça-feira.  

O documento indica a ocorrência de mais 129 mortes do que no anterior  balanço, de há uma semana, o que significa que a epidemia regista um novo  surto, depois de uma acalmia em abril.  

"Este tipo de epidemia (...) pode ser travada, apesar de se tratar da  epidemia da Ébola mais complexa, porque se desenvolve ao mesmo tempo em  meios urbanos e rurais", afirmou.  

A reunião de crise iniciou-se esta manhã na capital do Gana e deverá continuar na quinta-feira, com a participação dos ministros da Saúde ou  responsáveis da Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim, República  Democrática do Congo, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Mali, Senegal e Uganda,  além de vários parceiros da OMS.  

Na zona estão já 150 peritos da OMS, assim que foi registado o primeiro  caso do vírus na Guiné-Conacri, em janeiro.  

Mas perante o aumento constante do número de mortos e de casos de Ébola,  a organização considera que "são necessárias medidas drásticas" para travar  esta epidemia mortal e altamente contagiosa.  

A 23 de junho, a organização não governamental "Médicos Sem Fronteiras"  (MSF) advertiu que a epidemia estava "fora de controlo" e ameaçava alastrar  a outras zonas.  

Na semana passada, o especialista da OMS Pierre Formenty disse à agência noticiosa francesa AFP que "a segunda vaga" da epidemia se deve a um abrandamento  da mobilização nos três países da África ocidental, atingidos pelo vírus,  relativos a medidas preventivas.   

"Um único caso pode desencadear uma epidemia", declarou para justificar as medidas drásticas necessárias para conter a doença.  

A atual epidemia - um "cocktail" de febres hemorrágicas Ébola, Lassa,  Crimeia-Congo - teve origem na Guiné-Conacri, que conta 303 mortos, 193  dos quais atribuídos especificamente ao Ébola.  

A Libéria registou 65 mortos (33 atribuídos ao Ébola) e a Serra Leoa  99 (65 atribuídos ao Ébola).  

O vírus Ébola, que em poucos dias provoca febres hemorrágicas, seguidas  de vómitos e diarreias, foi batizado com o nome de um rio do norte da República  Democrática do Congo (antigo Zaire), onde foi registado pela primeira vez  em 1976.  

A taxa de mortalidade pode ir de 25 a 90% nos seres humanos, consoante as estirpes. Não existe vacina, nem tratamento, sendo apenas possível tratar  os sintomas, nomeadamente, com hidratação por via intravenosa dos doentes.

Este vírus, da família dos "filoviridae", transmite-se por contacto  direto com o sangue, líquidos biológicos ou tecidos de pessoas ou animais  infetados.  

Os rituais funerários, em que familiares e amigos estão em contacto  direto com o corpo, têm um papel importante na transmissão da doença.  

Lusa

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