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Governo brasileiro não vê carta aberta de Snowden como um pedido de asilo

O governo do Brasil rejeitou hoje a possibilidade  de que a "Carta Aberta ao Povo Brasileiro" divulgada pelo ex-analista da  Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em Inglês), dos EUA, Edward  Snowden, possa ser considerada um pedido de asilo político. 

Segundo Snowden, a vigilância de comunicações norte-americana abrangeu instituições europeias e países europeus, especialmente a Alemanha, o que  suscitou forte polémica no país (Reuters/ Arquivo)
© Bobby Yip / Reuters

O governo não recebeu um pedido formal de asilo de Snowden, nem considera  a carta deste publicada hoje no diário Folha de São Paulo como um pedido,  afirmaram fontes do Ministério de Relações Externas, citadas pela agência  noticiosa estatal Brasil. 

As mesmas fontes disseram que a campanha lançada na internet pelo brasileiro  David Miranda para convencer o governo brasileiro a satisfazer o pedido  de asilo também não pode ser considerada como um pedido de Snowden para  receber asilo.  

Miranda é o colega do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, ex-colunista  do diário britânico The Guardian, residente no Rio de Janeiro, um dos 'contactos'  de Snowden e que publicou muitos dos documentos revelados pelo ex-funcionário  da NSA.  

Na carta aberta que divulgou hoje, Snowden anunciou a intenção de pedir  asilo permanente ao Brasil, país que lidera diversas iniciativas globais  para regular a espionagem através de internet, depois da divulgação dos  documentos da NSA que revelaram que os EUA espiaram as comunicações da Presidente  brasileira, Dilma Rousseff, de vários dos seus ministros e dirigentes da  empresa pública petrolífera, Petrobras. 

A chancelaria brasileira esclareceu ainda que o governo considera o  asilo como um instrumento de direito humanitário para beneficiar vítimas  de perseguição política, pelo que que não pode ser concedido por troca de  informações.  

Se, adiantou o Ministério, Snowden solicitasse asilo, o pedido seria  analisado a partir dos elementos disponíveis e do direito internacional.

No Brasil, a concessão do asilo é uma prerrogativa do poder executivo,  decidida pela Presidente, a partir das avaliações dos ministérios das Relações  Externas e da Justiça. 

Depois de obter refúgio temporário na Federação Russa, em junho, Snowden  pediu asilo a cerca de 20 países, entre os quais o Brasil, mas o governo  de Rousseff limitou-se a comunicar que "não tinha intenção de responder".  Mais tarde, o ministro dos Negócios Estrangeiros (Relações Externas) de  então, Antonio Patriota, assegurou que o Brasil não concederia o asilo pretendido  por Snowden. 

 

Lusa

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