Mundo

Ação francesa na República Centro-Africana arranca com patrulhas no aeroporto da capital 

A operação militar francesa na República Centro-Africana  começou com os soldados franceses a patrulharem a zona do aeroporto da  capital, Bangui, onde reina a calma, disse hoje o ministro da Defesa francês,  Jean-Yves Le Drian. A intervenção surge depois da aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU que autoriza Paris a utilizar a força.

O país, de 4,5 milhões de habitantes, mergulhou no caos desde o golpe  de Estado de março realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na  minoria muçulmana, que afastou o Presidente François Bozizé. (Reuters)
© Stringer . / Reuters

"As forças francesas patrulham desde a noite passada o aeroporto" e  hoje haverá um destacamento de helicópteros do Exército francês, precisou  o ministro, em declarações à emissora RFI, numa referência à operação "Sangaris".

Jean-Yves Le Drian disse que a intervenção franco africana, decidida,  esta quinta-feira, pelo Conselho de Segurança da ONU, cumpre duplo objetivo:  Por um lado, procurar garantir um clima de segurança para a distribuição  da ajuda humanitária e, por outro, contribuir para que as forças militares  africanas a mantenham no sentido de favorecer a "transição política" no  país. 

O ministro francês precisou que atualmente a missão francesa limita-se  às patrulhas na zona do aeroporto, apesar de, na noite passada, os soldados  franceses as terem ampliado a outros lugares próximos da capital centro-africana.

"Este país vive um caos humano e de segurança. Não há Estado, há grupos  armados", explicou Le Drian.

O ministro disse que a população "tem medo" e recordou a "muito forte"  reação por parte da comunidade internacional, destacando a unanimidade conseguida  no seio da ONU. 

"Espero que a razão prevaleça", indicou, numa referência à reação que  se espera por parte das forças dos rebeldes muçulmanos. 

A França "está ali para garantir um mínimo de segurança e acompanhar  o destacamento africano", insistiu, definindo a ação militar francesa como  "uma fase transitória" para facilitar a intervenção dos soldados africanos.

O Presidente francês, François Hollande, anunciou, esta noite, o início  "imediato" da ação francesa, depois da aprovação de uma resolução pelo Conselho  de Segurança da ONU que autoriza Paris a utilizar a força na República Centro-Africana.

O chefe de Estado indicou que a França conta já com 650 militares no  terreno, um contingente que espera duplicar "nos próximos dias, para não  dizer nas próximas horas", com um único fim: "salvar vidas". 

As declarações de Hollande ocorreram algumas horas depois de o Conselho  de Segurança da ONU ter autorizado a intervenção de forças francesas na  República Centro-Africana em apoio a uma força pan-africana para restaurar  a segurança na antiga colónia francesa.

A resolução, aprovada por unanimidade, autoriza os soldados franceses  a "tomarem todas as medidas necessárias para apoiar a Misca (força africana  na República Centro-Africana) no cumprimento do seu mandato".

A Misca poderá agir "por um período de 12 meses" e tem por missão "proteger  os civis, restabelecer a ordem e a segurança, estabilizar o país" e facilitar  a distribuição de ajuda humanitária na República Centro-Africana.

O país, de 4,5 milhões de habitantes, mergulhou no caos desde o golpe  de Estado de março realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na  minoria muçulmana, que afastou o Presidente François Bozizé. 

A resolução prevê igualmente a eventual transformação da Misca numa  força de paz da ONU, a qual terá de ser aprovada pelo Conselho de Segurança,  devendo o secretário-geral das Nações Unidas preparar um relatório sobre  a questão nos próximos três meses.

O documento aprovado prevê ainda a criação de uma comissão de inquérito  sobre os direitos humanos e um embargo de um ano às armas para o país.

A votação nas Nações Unidas ocorreu numa altura em que a situação se  degradou em Bangui, onde apesar do recolher obrigatório se registaram vários  tiroteios na manhã de quinta-feira.

Perto de 80 cadáveres com marcas de ferimentos de arma branca e de tiros  foram vistos por jornalistas da agência France Presse.

Lusa

Últimas