Mundo

António Guterres apela para maior apoio a países que recebem refugiados

O alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o português António Guterres, apelou hoje para um maior apoio da comunidade internacional aos países que recebem refugiados do conflito na Síria.

(Reuters/Arquivo)
© Ali Hashisho / Reuters

"Todas as agências internacionais, quer humanitárias quer de desenvolvimento,  devem combinar a assistência humanitária com apoio direto aos países hospedeiros", declarou António Guterres em Genebra, no encerramento de uma reunião do comité executivo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Para António Guterres, "a crise síria não é mais uma crise humanitária", a movimentação de refugiados sírios para os países vizinhos cria "um impacto na economia e sociedades que pode gerar uma ameaça para a estabilidade regional e a paz no mundo".

O ACNUR estima que o número de sírios refugiados na Jordânia, Líbano, Turquia, Egito e Iraque, atualmente calculado em mais de dois milhões, poderá atingir os quatro milhões até ao fim deste ano.

António Guterres disse hoje que já não se pode falar de uma situação de urgência de "curto-prazo", para defender investimentos em educação, saúde e infraestrutura nos países limítrofes da Síria, dado a persistência do conflito e dos seus efeitos nas regiões fronteiriças.

O responsável da ONU pelas questões dos refugiados, referiu ainda esperar que Portugal possa acolher refugiados sírios, mas não comentou o facto de  o governo português ter comunicado a disponibilidade de acolher 15 cidadãos sírios ao abrigo do estatuto de refugiado.

Guterres disse que 17 países já manifestaram a intenção de acolher refugiados sírios, num total de 10.000 pessoas.

"A maioria dos países não indicou um número exato (de refugiados que pretende acolher), mas dentro dos países que anunciaram um número, o total é 10 000", disse.

De acordo com o ACNUR, são principalmente os países de acolhimento habituais, como a Alemanha e a Suécia, que irão receber refugiados sírios, mas há países, como o México, que aceitaram pela primeira vez receber refugiados.

Guterres adiantou ainda que desenvolvimentos como a resolução 2118 do Conselho de Segurança sobre a destruição do arsenal de armas químicas da Síria "estabelecem a visão e a atmosfera corretas" para que se caminhe para a paz.

Na reunião que terminou hoje em Genebra participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros do Iraque, da Jordânia, da Turquia, da região do Curdistão iraquiano, o ministro dos Assuntos Sociais do Líbano e o assistente do ministro dos Assuntos Estrangeiros do Egito, para além de 135 representantes de governos.

O conflito na Síria, em que a contestação popular ao regime do Presidente, Bashar Al-Assad, degenerou em guerra civil, dura desde março de 2011 e já provocou mais de 110.000 mortos, segundo números da ONU.

Lusa

Últimas