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Secretário-geral da ONU "cético" em relação à entrega das armas por Damasco

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, declarou, esta sexta-feira, estar cético em relação à vontade de Damasco em desmantelar o arsenal químico sob supervisão internacional, numa entrevista à cadeia televisiva France 24.

Embora considere o plano russo nesse sentido e a resposta de Damasco  encorajantes, Ban Ki-Moon disse "constatar no seio da comunidade internacional  um certo ceticismo" que também partilha.  

"Por conseguinte, é importante que as autoridades sírias cumpram com  que o disseram de forma sincera e precisa", a fim de provarem a sua boa-fé,  frisou o secretário-geral da ONU. 

O Governo sírio enviou à ONU um pedido de adesão à Convenção que proíbe  as armas químicas, de 1993, enquanto russos e norte-americanos discutem  desde quinta-feira, em Genebra, um plano de desmantelamento das armas químicas  sírias. 

Ban Ki-moon também pediu uma "ação firme e decisiva da comunidade internacional",  no caso de o relatório dos inspetores da ONU concluir a utilização de armas  químicas.  

"Se for confirmado por um exame científico que foram utilizadas tal  constituirá uma grave violação das leis internacionais", disse. 

Nesse caso, "acredito que a comunidade internacional deverá tomar medidas  firmes e necessárias para garantir que este tipo de crime não se repita  e para levar à justiça os culpados", frisou. 

"O Conselho de Segurança deverá desempenhar um papel bastante decisivo"  para o efeito, apontou, sem precisar, contudo, que se as "medidas firmes"  incluem o recurso eventual à força. 

O relatório dos especialistas da ONU, que investigaram no terreno as  acusações de massacre com armas químicas em 21 de agosto perto de Damasco,  deve ser divulgado esta segunda-feira. 

Antes, Ban Ki-moon já tinha considerado que o relatório dos peritos  "vai concluir de forma inquestionável" sobre o uso de armas químicas na  Síria, e acusado o Presidente sírio, Bashar al-Assad, de ter "cometido inúmeros  crimes contra a humanidade", mas sem lhe atribuir diretamente a autoria  em particular do massacre do passado dia 21 de agosto. 

Ban Ki-moon disse que uma conferência de paz poderá ser realizada em  outubro, caso a crise das armas químicas esteja encerrada e os negociadores  internacionais consigam superar as divisões na oposição síria. 

"Estamos a pensar fazê-la há algum tempo em outubro, mas temos de trabalhar  muito arduamente" para o efeito, frisou. 

Com Lusa

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